"Não ouvi mais nenhum partido estabelecer as suas condições com a clareza do Bloco, e nós faremos parte de todas as soluções que salvem o país rompendo com a austeridade". A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins reforçou, na último dia de campanha eleitoral, que o seu partido se encontra disponível para dialogar com a esquerda, e principalmente com o PS, desde que as três linhas vermelhas (congelamento de pensões, flexibilização dos despedimentos e redução da TSU) caiam do programa eleitoral socialista. Depois do apelo feito ontem pela platafomra Livre/Tempo de Avançar para um acordo pré-legislativas de esquerda, e da ausência de resposta do secretário-geral do PS António Costa sobre o desafio lançado por Catarina Martins no debate televisivo para possíveis debates, a líder máxima do BE reiterou que o seu partido "foi quem não esperou pela campanha eleitoral, pelas sondagens, pelos cenários e jogos políticos, para dizer claramente o que é essencial" já a partir de 5 de Outubro.
Se abre ou não mão de algumas destas linhas vermelhas, ou até da restruturação da dívida, a também cabeça-de-lista pelo Porto/BE relembra: "quem vota no Bloco tem de ter a segurança que o seu voto é de confiança, e portanto sabe que o Bloco não faltará a uma solução de governo", disse. Catarina Martins esteve esta manhã de visita ao centro histórico do porto para uma acção sobre reabilitação urbana
A líder do BE foi visitar o centro histórico do Porto, para ver com os próprios olhos, algumas das zonas mais degradas da invicta, e falar sobre reabilitação urbana, uma das bandeiras mestras do programa do Bloco. Com a ajuda do arquitecto Pedro Figueiredo, "um dos piores guias do mundo"- ironizou Catarina Martins-, por ter a responsabilidade de mostrar um "outro Porto", Catarina as ruas estreitas, cinzentas, mas também coloridas por algumas bandeiras de outros partidos, como do PS. Das ruas das Fores, dos Mercadores até ao Quarteirão das Cardosas, onde várias casas foram destruídas para construir um hotel de cinco estrelas, e outras habitações "mascaradas", em que a própria UNESCO acabou por retirar fundos comunitários para a reabilitação.
Mas claro, numa acção de campanha, a política nunca pode ficar de fora. Sílvia de 44 anso, ou "A Maria da Preta", como é conhecida no bairro da Sé, é vendedora ambulante, e quis interromper a caravana bloquista, para falar com o "mor"- como apelidou Catarina- para apelar a uma união da esquerda. "Olhe, eu sou socialista do coração, tenho as quotas em dia, só tenho pena que a esquerda não se possa aliar", porque assim, os "gatunos"- leia-se Passos e Portas do PSD/CDS- vão formar novamente governo, como indicam as últimas sondagens. Com uma mão agarrada à vendedora, Catarina ouviu e relembrou que já tinha demonstrado abertura no debate televisivo com António Costa para possíves acordos, se as três linhas vermelhas caissem do programa eleitoral socialista. Sílvia, deu-lhe os parabéns, pediu ainda para que o Bloco "esmague a CDU", e deu um concelho à líder do BE: "deviam ser como nós aqui no Porto, um todos e todos por um!", gritou. Já de mãos livres, Catarina retorquiu: "temos é derrotar a direita!" no próximo Domingo.
Aos jornalistas, a porta-voz bloquista revelou-se "orgulhosa" por demonstrar este percurso que é património da humanidade, mas também para charmar à atenção daquela que é uma das propostas do BE para a reabilitação urbana. "O BE tem dito que a reabilitação urbana é uma das propostas essenciais para a economia do país", começou por dizer. E desde logo, porque existem "centros históricos degradados, com pessoas a viver sem condições de habitabilidade, com problemas de saúde que são conhecidos", mas também porque a reabilitação urbana corresponde "à necessidade de preservação de habitação com condições, de dignidade", afirma. Para isso, é preciso preservar a memória e cultura destas regiões, "criar emprego enquanto se reabilita", mas também garantir habitações a "preços que as pessoas possam pagar", remata. Com investimento público que catalize o investimento privado, através de "uma política fiscal clara que proteja o direito à habitação", são as metas traçadas nesta área que o Bloco quer defender já apartir da próxima legislatura.