Se nunca ouviu um único episódio de “Serial”, o melhor é parar de ler este texto e ir já tratar do assunto. Descarregue o podcast para o seu smartphone. Se puder, ouça todos os 12 capítulos de uma vez. Não se ponha a pensar “mas isso é impossível, não tenho tempo”. Diz isso porque ainda não ouviu nada. Agora, se sabe do que estamos a falar, se é fã, se ouviu a primeira temporada deste programa como se fosse a melhor série que a televisão nunca passou, saiba que isso afinal vai acontecer. O site “Deadline” avançou ontem que a viagem de “Serial” para TV vai ser uma realidade, ainda que não exactamente como muitos imaginaram.
Recordemos o porquê de tanto nervosismo. “Serial” é um derivado de “This American Life”, o podcast criado por Ira Koenig que já era um caso sério de downloads em todo o mundo, com as histórias do quotidiano que, na verdade, são diferentes de tudo aquilo que alguma vez vivemos. Mas este suposto lado B que era “Serial”, pelo menos na génese, foi vitorioso por mérito próprio, transformando-se num sucesso de downloads, seguidores e entusiastas. E sucesso aqui quer dizer mais ou menos 70 milhões de downloads. O programa é de Sarah Koenig (que também é apresentadora) e Julie Snyder e é uma espécie de investigação policial feita por gente que não tem nada a ver com a polícia e que leva o trabalho de detective para o estúdio da rádio.
Na primeira temporada, a única que existe até ao momento, Sarah e Julie procuram saber o que de facto aconteceu a Hae Min Lee, finalista de um liceu em Baltimore, no estado americano de Maryland. A jovem é encontrada morta, um rapaz da mesma turma é preso mas há sempre dúvidas sobre os acontecimentos. Tudo isto sucedeu em 1999 e “Serial” chegou ao mundo em Outubro de 2014. Contas bem feitas, é fácil imaginar as dificuldades que rodearam todo este trabalho. E não vamos aqui dar mais detalhes sobre cada um dos episódios (nem sobre os efeitos que o programa teve na investigação policial e nos tribunais) porque todos eles merecem ser esmiuçados. Todos.
Pois bem, agora, e depois da revolução que “Serial” representou – momento certo para dizer que “nunca mais os podcasts foram iguais” – Christopher Miller e Phil Lord querem fazer um programa de televisão com isto. Na verdade, será uma espécie de making of de uma próxima temporada do programa. A ideia, diz o site da Deadline, não é ficcionar as histórias, antes explicar com imagens como fuciona “Serial”, como é feito e de que forma o produto final nos é entregue via headphones (sim, que isto não dá para partilhar).
Miller e Lord não são, à primeira vista, os tipos mais óbvios para fazer isto. O que é que esta dupla de realizadores/argumentistas/produtores assinou até à data? Coisas como “The Lego Movie” ou “21 Jump Street”. Mas o que interessa é que são grandes fãs de “Serial” e têm o que é preciso para levar a coisa para a frente: contactos e dinheiro. Negócio fechado. Naturalmente que por enquanto ainda não há datas mas está certo que isto vai acontecer numa parceria com o canal FOX 21. E vai tudo correr bem (dizemos nós), até porque estes Miller e Lord são os mesmos que estão a tratar do filme edicado a Han Solo, parte da nova vida da saga “Guerra das Estrelas”. Só boas notícias.
Quanto à próxima temporada de “Serial”, continuamos à espera. Algumas notícias têm dado como certo que a próxima história a passar por Sarah Koenig e Julie Snyder é a de BoweBergdahl, o sargento do exército americano que foi prisioneiro dos taliban, no Afeganistão, durante cinco anos. A produção de “Serial” diz só que está a trabalhar em diferentes histórias, para as temporadas 2 e 3. Óptimo.
