A advertência foi feita por uma organização internacional de profissionais da saúde reprodutiva, que apelou a uma maior protecção em relação a estes artigos.
“Nós estamos a afogar o mundo em produtos avaliados e perigosos e nós pagamos um preço alto em termos de saúde reprodutiva”, disse Gian Carlo Di Renzo, autor principal de um apelo lançado pela Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras (FIGO), uma organização sediada em Londres e que agrupa profissionais de 125 países.
O apelo, publicado na revista Jornal Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, coloca em causa os produtos químicos como os pesticidas, os poluentes do ar, plásticos, solventes em patologias como abortos e perdas fetais, crescimento fetal, baixo peso ao nascer, defeitos de nascença, danos cognitivos ou desenvolvimento neural, cancros do aparelho reprodutor, baixa quantidade de esperma e hiperactividade entre as crianças.
Os autores do apelo mencionam, nomeadamente, as perturbações endocrinológicas, sublinhando que um dos efeitos da exposição a estas substâncias é “interromper as hormonas responsáveis de regular as funções reprodutivas e de desenvolvimento”.
Os produtos que causam perturbações endocrinológicas estão presentes em numerosos produtos como embalagens, pesticidas, cosméticos, revestimentos e produtos de limpeza.
“A exposição química a estes produtos tóxicos é permanente durante a gravidez e o aleitamento e ameaça a reprodução da espécie humana”, indicou a federação no seu apelo, que reivindica “políticas de protecção para os pacientes e para as populações”.
“O acumulo de evidências dos impactos dos produtos químicos tóxicos sobre a saúde, incluindo efeitos transgeracionais, faz hoje a FIGO abordar uma série de recomendações aos profissionais de saúde para reduzir o impacto dos produtos químicos sobre a saúde dos pacientes e das populações”, sublinhou o professore Sabaratnam Arulkumaran, presidente da FIGO e antigo presidente da Associação Médica Britânica.
Segundo a organização, os países em desenvolvimento deverão registar um forte crescimento da produção de produtos químicos nos próximos cinco anos e as populações mais pobres deverão ser as primeiras a sofre os impactos.
O apelo da FIGO foi redigido por profissionais e sociedades científicas como a Sociedade Norte-Americana de Medicina Reprodutiva, o Colégio Real Britânico dos Ginecologistas e Obstetras, a Sociedade dos Ginecologistas e Obstetras do Canadá.
Este apelo tem ainda o apoio de várias organizações internacionais.
“Os bebés são os mais vulneráveis na nossa sociedade e os menos capazes de se protegerem”, referiu a organização Mulheres na Europa por um Futuro Comum (WECF, sigla em inglês), enquanto a Aliança para o Meio Ambiente e Saúde (HEAL) convida a União Europeia a “assumir a liderança na redução das exposições aos produtos tóxicos nos produtos alimentares e de consumo”.
Lusa