À tarde, no maior comício da CDU na campanha, em Almada, Jerónimo de Sousa voltou a responder à coligação, desta vez acusando Paulo Portas de “ingratidão” para com o PS, pelo facto do líder do CDS/PP ter manifestado temor por um provável cenário de governação socialista com a esquerda. De resto, a ideia de o CDS poder ser parceiro do PS num cenário pós eleitoral não foi de todo afastado pelo líder do PCP que, já da parte da manhã, tinha afirmado considerar mais natural essa solução governativa “tendo em conta a experiência passada”.
Sempre acompanhado por Luís Franco, presidente da Câmara de Alcochete, Jerónimo de Sousa percorreu as ruas da zona histórica da vila do distrito de Setúbal, num roteiro loja a loja definida pelo anfitrião. Um distrito aonde a coligação de comunistas e verdes elegeu quatro deputados em 2011 e que, apesar de mais um mandato atribuível (de 17 passou para 18) teria a CDU de subir substancialmente a sua votação para poder conquistar o seu quinto deputado.
Durante a tarde, a CDU encheu o pavilhão e Almada (cerca de três mil segundo números avançados pela organização) e Jerónimo assentou o seu discurso em duas ideias: passar a ideia de que a direita vai ter uma derrota a 4 de Outubro, “sobretudo tendo em conta que há quatro anos tiveram mais de 50% dos votos”, precisa. Por outro lado uma parte do discurso é de combate ao voto útil no PS.
Apesar da convicção, manifestada por Jerónimo de Sousa “de que a coligação PSD/CDS tem como certa a derrota no próximo dia 4!”, o líder comunista não deixa de recordar cada uma das implicações das decisões políticas da governação PSD/CDS, sobretudo as que tiveram custos sociais, como forma de combater um eventual voto à direita dos indecisos.
“Há por ai quem se esforce, quem use todos os truques e manhas, para tentar apresentar como vencedores os que têm a derrota certa. Deixem o povo falar e logo se verá que PSD e CDS não terão os votos necessários e os mandatos suficientes para continuarem a desgraçar a vida dos portugueses e de Portugal”, disse. Apesar desta forte convicção, uma parte substancial do discurso serviu para atacar os partidos do governo: “Os portugueses sabem o que têm sofrido com este governo e esta política do PSD e CDS. O que vão deixar é um rasto de destruição de empresas e de emprego, de tragédias pessoais e de flagelos sociais, um País mais frágil, mais dependente e mais empobrecido. No momento da votação não o vão esquecer!”, disse o líder comunista.
Outro das preocupações é a possibilidade do voto útil no PS, procurando reduzir as diferenças programáticas de uns e de outros: “Há quem fique incomodado, porque juntamos PSD, PS e CDS para os identificar e nomear como responsáveis pela crise que o País atravessa e pelo conjunto de graves malfeitorias que têm sido impostas aos portugueses e ao País”, dando como exemplo a assinatura conjunta do pacto com a troika e a aprovação do Tratado Orçamental.