Passos Coelho acenou esta sexta-feira com novas eleições antes do Verão, se a coligação não somar uma maioria para aprovar o Orçamento do Estado de 2016, o mesmo documento que António Costa já disse que votará contra, se perder as eleições. O líder da coligação não quis classificar por que maioria se bate, mas ensaiou uma clarificação: "Alguém tem dúvidas do que é uma maioria no Parlamento?". Está, assim, reforçada a radicalização do voto no PS, quando se aproxima o dia em que os portugueses vão às urnas escolher o próximo governo.
{relacionados}
"Suponham que a seguir às eleições, mesmo ganhando, não existe esta maioria no Parlamento para suportar o governo. O Orçamento do Estado, que é o documento essencial para que o governo possa governar, não teria possibilidade de ser aprovado. Já foi dito pelo líder do maior partido da oposição, que votará contra esse Orçamento", lembrou Passos Coelho, para depois enumerar as consequências da não aprovação do documento. "Não poderíamos governar e teríamos eleições em menos de um ano". Ou seja, passados os seis meses desde a tomada de posse do futuro Executivo.
A partir de agora, e até ao dia das eleições, a dramatização do voto no PS vai ser uma constante, na tentativa de conquistar o centro. Paulo Portas deu o tom: "Se não houver uma maioria positiva da coligação, Portugal ficará entregue a uma maioria negativa da oposição". E repetiu a fórmula, para deslocar o PS do centro para a extrema esquerda. "As pessoas pressentem o que esta a acontecer: eles radicalizaram, nós temos de permanecer ao centro; eles oscilam nas suas propostas e posições, nós temos de manter a nossa coerência; eles escolheram o radicalismo, nós escolhemos a moderação".
Passos e Portas querem uma campanha pela positiva, mas não vão deixar de lembrar o ponto de partida, que vai remeter invariavelmente para a herança que a maioria recebeu do PS. Em jeito de balanço, Passos explicou que "no essencial" o governo "não falhou". Mas há muito trabalho a fazer. "Há muita gente que ainda não se reconciliou connosco", admitiu esta noite numa mega-jantar-comício que levou 6 000 pessoas ao Europarque, em Santa Maria da Feira.