No jantar comício em Serpa Jerónimo contou com o apoio da candidata da CDU pelos Verdes, Heloísa Apolónia, mas foi o tema das assimetrias regionais e a Agricultura que pautou o discurso de Jerónimo de Sousa, ironizando sobre a campanha da coligação PSD/CDS: “enquanto se assiste à destruição da produção leiteira nacional, Portas e Passos dedicam-se, na campanha eleitoral, à colheita de framboesas”.
Na noite de ontem o líder comunista jantou num repleto pavilhão polidesportivo de Serpa e chamou um novo tema ao discurso de campanha: as assimetrias regionais. Mas começou por responder ao apelo de Passos Coelho à unidade de todos os partidos: “Passou-se hoje uma coisa que acho que nem ele [Passos Coelho] acredita. De que é preciso a união de todos os partidos? União é uma palavra que me provoca urticária, mas pronto, adiante… Então porque querem a união de todos os partidos, quando sistematicamente vinham fazendo o apelo ao PS, ao CDS para formar o arco governativo?”
Na opinião do líder do PCP este apelo é o reconhecimento da derrota: “sentimos que o PSD e CDS em coligação estão já a perspectivar a derrota, porque o povo não lhes quer dar maiorias a ninguém”, diz Jerónimo, considerando tratar-se de um “grito da derrota” e responde ao apelo: “nem pensem que vamos servir de sustentar essa política de direita, integrando o caldeirão de políticas requentadas, das políticas sem alternativas mas de alternância. Não! Uma figueira-brava mesmo enxertada de macieira, nunca dá maçãs. Esta política de direita mesmo enxertada nunca dará frutos”.
O tema novo no discurso da CDU foi a introdução dos problemas provocados pelas assimetrias regionais. Começando por criticar a coligação PSD/CDS, mas também o próprio PS pelas “reiteradas declarações de amor pelo interior” em época eleitoral para depois “em matéria de transportes tornar definitivo o encerramento dos troços do caminho-de-ferro (—) eliminar alternativas rodoviárias de substituição (…) aplicar as portagens nas scuts do interior, continuando com os encerramentos na Saúde e na Educação, criaram sérios obstáculos nos transportes de doentes (…) liquidar freguesias, encerrar tribunais (…) e 154 repartições de finanças, 45% das existentes”. E, acrescenta o líder comunista, “depois disso vem dizer que o interior do país está em extinção, cada vez mais despovoado, cada vez mais envelhecido, mas qual é o mistério?” pergunta.
Das assimetrias regionais, Jerónimo de Sousa saltou para o tema agricultura para ironizar com a campanha da coligação PSD/CDS: “enquanto se assiste à destruição da produção leiteira nacional, Portas e Passos dedicam-se, na campanha eleitoral, à colheita de framboesas” reportando-se a uma visita dos líderes da coligação a uma exploração agrícola de framboesas, para, diz Jerónimo, confrontados com “trabalhadores do Paquistão, do Nepal, do Bangladesh e da Índia, que numa ocupação sazonal de seis meses ganhavam 2,27 euros/hora”, menos que o ordenado mínimo nacional, lembra.
A caravana da CDU contou ontem com o reforço da candidata pelo partido ecologista os Verdes, que acompanhará Jerónimo durante os próximos dois dias. Heloísa acusou PS/PSD e CDS de terem sido os responsáveis pela chamada “da tróica” com o objectivo de “infernizar a vida dos portugueses” e de ainda assim a dívida ter disparado “atingindo já 130% do Produto Interno Bruto”, concluindo que o governo “falhou em toda a linha”.
Hoje a caravana entra no Algarve por Lagos, num contacto de rua com a população seguindo depois para Olhão e terminando num comício em Faro.