Evereste de Baltasar Kormakur

Evereste de Baltasar Kormakur


Acima de tudo, muita falta de oxigénio.


Estamos no Colombo e o ar por si só já está rarefeito. Mais ainda no visionamento de “Evereste”, de óculos 3D postos, onde o ar nos começa a faltar à medida que o filme vai avançando e a expedição que matou oito pessoas em Maio de 1996 ruma ao cume da montanha. Lá está, esta coisa de saber que a desgraça está próxima é sempre de cortar a respiração e é uma fórmula que funciona bem (pelo menos nas bilheteiras) quer debaixo de água quer na montanha mais alta do mundo.

Depois das avalanches deste ano com o terramoto no Nepal – que mataram mais 18 pessoas – o timing parece também ser acertado para voltar a recordar a tragédia que começou a levantar questões sobre a exploração turística da montanha “que tem sempre a última palavra”, diz uma das personagens lá para o meio. E se já havia filmes sobre a catástrofe, o de Baltasar Kormakur, que estreou este mês no Festival de Veneza, não parece trazer nada de novo -–a não ser algumas maravilhas do IMAX, com paisagens de cortar a respiração, principalmente para quem não gosta de escalar nem até ao quinto andar sem elevador.

Os actores, como Jake Gyllenhaal, no papel do alpinista cool, passaram tempo com as famílias dos intervenientes na expedição real para tentar dar mais profundidade aos seus papéis. Mas entre escorregadelas e bombas de oxigénio, tudo isso se vai perdendo e acaba por ser o típico filme-catástrofe que desta vez chegou antes do Inverno. “Porquê fazer isto?” é a pergunta que um jornalista no filme faz aos alpinistas antes da escalada final. Porquê mais um filme destes, perguntamos nós também.