Investigadores de Coimbra descobrem sinalizadores de Alzheimer

Investigadores de Coimbra descobrem sinalizadores de Alzheimer


Cientistas descobrem sinalizadores que permitem prever a manifestação da doença.


É uma simples proteína conhecida por proteger as nossas células dos radicais livres. Já era muito o que fazia pela nossa saúde, mas agora foi possível também descobrir que esta mesma proteína, designada por Nrf2, é igualmente útil para alertar precocemente para o surgimento da doença de Alzheimer. As suas novas funções foram descobertas por investigadores portugueses que trabalham no Centro de Neurociências e Biologia Celular e na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. 

Estamos, portanto, perante uma espécie de sinalizador biológico sem células sanguíneas que avisam para esta doença quando ela ainda nem sequer provoca os primeiros sintomas. Antes do aparecimento do Alzheimer ocorre a formação de radicais livres, moléculas que poderão conduzir à morte dos neurónios nesta doença. A investigação, coordenada por Ana Cristina Rego, mostra que os radicais livres activam a proteína Nrf2. 

“A sinalização da proteína é mais evidente quando surgem as primeiras queixas da memória, numa etapa inicial da doença de Alzheimer. Para além disso, nesta fase aumenta a sinalização de moléculas de stresse no retículo endoplasmático, um organelo celular com várias funções, nomeadamente na síntese de novas proteínas e nos processos de destoxificação celular”, explica a coordenadora do estudo, já publicado na revista “Biochimica et Biophysica Acta (BBA) – Molecular Basis of Disease”.

O período estudado nesta investigação designa-se por défice cognitivo ligeiro (DCL) e antecede a doença neurodegenerativa, estando compreendido entre os que estão saudáveis a nível cognitivo e os que estão doentes e com probabilidades de terem Alzheimer. O trabalho experimental foi realizado em células do sangue humano, obtidas de pacientes com diferentes graus da doença e de pessoas saudáveis, para que fosse possível fazer a comparação. Os investigadores utilizaram ainda amostras do córtex cerebral e células sanguíneas de um ratinho geneticamente modificado. 

Os investigadores avisam desde já que cerca de 10 a 20% dos idosos com mais de 65 anos se encontram nesta fase intermédia de DCL, e aproximadamente 15% irão progredir a um ritmo anual para um estado de demência.

A investigação, defende Ana Cristina Rego, será decisiva para conseguir entender como começam os processos de disfunção celular e morte neuronal na doença de Alzheimer e, a partir daí, desenvolver novas estratégias terapêuticas capazes de impedir a progressão da doença. O estudo foi feito em parceria com outra equipa do Centro de Neurociências e Biologia Celular e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, liderado por Cláudia Pereira, e com Isabel Santana, do serviço de Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e da faculdade.