© Sara Matos
António Costa sabe que, depois da forma como derrubou António José Seguro e do abandono a que votou José Sócrates, não tem quaisquer condições de se manter como líder do PS se não obtiver nas legislativas um resultado superior ao que Seguro teve nas europeias.
As sondagens indicam, porém, que isso não vai acontecer, em grande parte por culpa do próprio António Costa. Na verdade, o seu posicionamento à esquerda assustou o eleitorado do centro, que não se acalma com uma simples mensagem a proclamar "confiança" nos cartazes.
Mas o PS também não parece conquistar eleitores à esquerda, uma vez que o eleitorado do PCP sempre foi irredutível e o do BE parece estar a ser segurado, graças à boa prestação de Catarina Martins nos debates.
Assim, mesmo que tenha uma vitória tangencial a 4 de Outubro, Costa sabe que será uma vitória de Pirro, já que toda a gente lhe lembrará que ainda sabe mais a "poucochinho" do que a de Seguro e as facas longas do PS serão afiadas nessa mesma noite.
É por isso que, numa estratégia desesperada, António Costa agora radicaliza o discurso de uma forma nunca vista, ameaçando reprovar o orçamento de Estado se os eleitores não lhe derem a vitória.
Com isto, a credibilidade do PS, que já tinha sido arrasada pela incapacidade de António Costa em explicar o seu programa, fica reduzida a zero.
Ou muito me engano ou o PS vai pagar muito caro a aventura para onde António Costa o lançou.
Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Escreve à terça-feira