Com elevada repercussão mediática que não será alheia ao período eleitoral, o PCP tem vindo a ser acusado de homofobia na sequência de um caso ocorrido entre uma equipa de segurança da Festa do Avante! e um jovem galego. Sobre o que é público do caso em concreto, diria apenas que me parece difícil de sustentar a tese de “ataque homofóbico”, mas não duvido de que esteja a ser investigado e que serão retiradas as devidas consequências criminais e políticas.
Compreendendo a dificuldade de abordagem deste tema num momento em que tudo se faz para evitar discussões políticas relevantes – veja-se o tempo que se perde a discutir quem chamou a troika ou sondagens de 300 votos –, e não podendo deixar de constatar como algumas associações LGBT tendem a aproveitar-se do caso para tentar canalizar votos para outros partidos, penso que nunca se pode perder a oportunidade de discutir e combater a homofobia.
Sabendo que, na sua história, o PCP contou com importantes militantes e dirigentes que não esconderam a sua homossexualidade e que, no quadro dos seus princípios ideológicos, a discriminação é inaceitável, não é irrelevante perceber que a militância activa no PCP, mais do que em qualquer outro partido em Portugal, é o reflexo do nosso tecido social. Ou seja, ainda não é muito difícil encontrar em militantes comunistas declarações homofóbicas, por mais contraditórias que sejam com a ideologia que perfilham.
Pelo contrário, é inegável que o PCP tem assumido cada vez mais um papel relevante e pioneiro no combate à discriminação pela orientação sexual a que não é alheio a crescente discussão política destes temas no seio do partido e da sociedade.
Mais: a acusação de homofobia, a partir de um caso que dificilmente se esclarecerá até ao dia das eleições, é particularmente injusta na sequência de uma legislatura em que o PCP protagonizou uma das mais interessantes alterações de sentido de voto na discussão sobre a adopção plena por casais do mesmo sexo.
Escreve à segunda-feira