Desta vez o líder dos comunistas voltou a atacar as sondagens e sobretudo aquilo que designa ser a “mistificação” que está a ser “imposta” ao eleitorado. A de que estas eleições servem para escolher um primeiro-ministro. “Não é verdade”, diz o líder do PCP, “isso é uma mistificação porque leva as pessoas a pensar que se for para escolher um primeiro-ministro ou é António Costa ou Passos Coelho”, conduzindo, depois com as sondagens, à “dramatização do empate técnico, visando a bipolarização do voto: ou ganha a coligação de direita ou o PS, como se os outros não contassem”. É neste contexto que surge a crítica a Cavaco Silva que, diz o líder do PCP, “vem falar em estabilidade governativa”. E acrescenta: “Vindo de quem vem, e estou a falar de Cavaco Silva, de um ex-primeiro ministro que já teve uma maioria absoluta na AR e no Governo, e que significou a destruição da estabilidade dos portuguese. Foi por isso que foi derrotado e se foi embora”.
Neste comício o líder do PCP voltou a fazer um balanço dos quatro anos de governação e justificou a sua persistência: “Se não os criticarmos, se não trouxermos à memória dos portugueses o que fizeram nestes quatro anos, é vê-los a tentar limpar a folha, a apresentarem-se lavadinhos por cima e por baixo”.
Os socialistas também não escapam. Um PS que, acusa Jerónimo de Sousa “hibernou durante quatro anos, abandonou a luta e vem agora por o conta quilómetros a zero e dizer que está aqui para combater a direita. E nós perguntamos-lhe: Nós defendemos o aumento do salário mínimo para 600 euros em 2016, e o que diz o PS? Que a direita fique muda e queda nós compreendemos, mas o PS?” O líder do PCP questiona, responde e conclui: “O PS diz que sim mas que tem de ser em concertação social. Alguém acredita que na concertação social os patrões aceitem o aumento do salário mínimo?”. E prossegue: “E relativamente aos despedimentos? Em relação aos direitos laborais qualquer governo que se diga de esquerda devia defender sempre os direitos de quem trabalha. O PS abdicou disso ao longo dos últimos anos, mas agora diz que tem um programa. E vamos lá ver o que lá está e o que está é a facilitação dos despedimento e isso não é uma proposta de esquerda”, conclui.
A história do dia
A arruada da CDU arrancava na Batalha. Os olhares dos populares, apoiantes e outros, muitos deles apenas curiosos transeuntes que se ficavam pela berma da rua, centravam-se em Jerónimo de Sousa. O líder dos comunistas acenava-lhes e aquela espécie de manifestação, que se acabara de formar na Praça da Batalha, no Porto, frente ao velho cinema, tinha, agora completa, alguma dificuldade em arrancar. Eram muitos os que se aproximavam do secretário-geral do PCP. Mas, um pouco mais à frente, um miúdo de seis anos, carregava um cartaz aonde se lia: “Com a força do povo, pela produção nacional, o emprego e os direitos dos trabalhadores”. O rapaz abria o caminho aos manifestantes. Repetia com vigor as palavras de ordem abanando o cartaz. Às vezes quebrava, baixava a pancarta, já lhe pesava. E, descansava um poco, mas por pouco tempo, mal surgia nova palavra de ordem o rapaz voltava a erguer o cartaz. Perguntamos-lhe: Como te chamas? “Chamo-me Akos”. E como se escreve? “Espera aí, já te digo.” A mãe, também integrada na manifestação, tentava puxá-lo pelo braço, ele estava a dar nas vistas. Mas Akos não desistia, sacudia o braço da mãe e prosseguia. Abordamos a mãe. É Húngara, de Budapeste. Veio há alguns anos estudar para Portugal, fez o curso de Marketing e design e por cá ficou. Vive na Póvoa e foi vítima de um despedimento colectivo numa empresa da Póvoa. E garante: “Não pensem que não sabe o que faz. Ele viveu o drama do meu despedimento e não vai esquecer. Mónika, tentou de novo tirar o Akos da cabeça da manifestação, ele voltou a sacudir o braço da mãe. Não conseguiu demovê-lo decidiu então acompanhá-lo na cabeça da arruada.