Afinal, a culpa já não é do estagiário. A universidade brasileira que usou as fotografias de José Sócrates para promover os seus cursos apresentou agora uma versão diferente para justificar o erro. Num comunicado enviado a alguns jornais portugueses, o Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do Rio de Janeiro (CEDERJ) esclareceu que o banner foi feito há já três anos e “pelo técnico que administra as redes sociais” da instituição.
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O funcionário, acrescenta o centro, não terá seguido “os critérios adoptados pela instituição: o uso de imagens produzidas e autorizadas ou de banco de imagens formalmente contratado”. Um procedimento, diz o CEDERJ, que “não reflecte a forma de trabalhar” da universidade. No mesmo comunicado, o gabinete de comunicação assegura que o banner já foi retirado da internet, pede “desculpa pelo erro” e assegura que, a partir de agora, “os cuidados serão redobrados” na escolha das imagens para fazer a promoção das licenciaturas.
A caricata notícia de que a imagem de José Sócrates estava a servir para vender cursos superiores no Brasil foi avançada anteontem pela Rádio Renascença. O ex-primeiro-ministro surgia em grande destaque nos banners de um consórcio de universidades brasileiro, acompanhado de um slogan gigante: “Estamos entre as melhores instituições de ensino superior do Brasil”.
A imagem de Sócrates foi, no entanto, manipulada. O socialista aparecia com um diploma debaixo do braço, de óculos e vestido com um traje académico. Num primeiro contacto, o Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do Rio de Janeiro garantiu que a fotografia tinha sido retirada de um banco de imagens e que os responsáveis não sabiam que se tratava de um ex-primeiro-ministro português. Mais tarde, e já em declarações ao semanário “Expresso”, o responsável pela comunicação da instituição explicou que a infeliz coincidência foi causada por um estagiário. “Nunca vimos nada assim. Costumamos usar fotografias de bancos de imagens, sobretudo gratuitas, mas nunca aconteceu nada assim”, admitiu Leonardo Viana. “A culpa da fotomontagem terá sido de um estagiário”, acrescentou ainda o assessor do centro, prometendo tomar “sérias providências” para averiguar o sucedido.
Nada satisfeito com o “erro” ficou o advogado de José Sócrates. João Araújo comentou o caso e, em declarações ao i, classificou o lapso da universidade brasileira de “abuso de imagem e falsificação”. “Acima de tudo, é montagem de mau gosto”, acrescentou o advogado do. Ainda assim, o ex-primeiro-ministro não irá avançar, pelo menos no imediato, com qualquer acção judicial contra o CEDERJ. “Temos muito com que nos preocupar e mais tarde se verá”, rematou João Araújo.