Foram três horas de debate transmitidas em directo pela CNN na noite de ontem nos Estados Unidos, madrugada desta quinta-feira em Lisboa. O segundo debate entre os 11 principais candidatos às primárias republicanas centrou-se em mais do que temas políticos, abordando-se até o aspecto físico dos candidatos. E contra o que se antecipava, Donald Trump, que lidera as últimas sondagens com 39% das intenções de voto, não foi o vencedor da discussão.
Os onze participantes debateram temas políticos mas, aparte disso, todos pareciam ter o mesmo objectivo: atacar Trump. O destaque acabou por ser dado à ex-presidente da HP, Carly Fiorina, a única mulher entre os aspirantes à nomeação do partido opositor. E a par dela, também Jeb Bush, ex-governador da Florida, teve o seu destaque.
Entre os pontos altos da noite contou-se o frente-a-frente de Trump com Fiorina e também o confronto directo entre Trump e Bush. Em ambos os casos surgiram ataques ao aspecto físico dos rivais. Recentemente, Fiorina deu uma entrevista à “Rolling Stone” e, nessa altura, Trump comentou. “Olhem para esta cara. Será que alguém consegue imaginar este rosto como o do próximo presidente?” Fiorina não perdeu a oportunidade no debate para responder, assim que o moderador Jake Tapper lhe deu tempo de antena. “Penso que todas as mulheres deste país ouviram claramente o que o senhor disse”, respondeu sob fortes aplausos. “Por acaso até acho que é uma mulher bonita e tem um rosto bonito”, defendeu-se Trump, afirmando que estava a referir-se à sua personalidade e não ao aspecto físico.
Seguiu-se o frente-a-frente entre o milionário e o irmão do ex-presidente George W. Bush. “Se a minha mulher fosse mexicana, penso que também teria um fraquinho por pessoas do México”, acusou Trump, criticado por muitos pelo seu racismo e xenofobia. Bush não gostou do comentário, em referência à sua mulher de origem hispânica, e exigiu um pedido de desculpas – que foi totalmente recusado. “Não vou fazer isso até porque não disse nada de errado, mas ouvi dizer que é uma mulher adorável.”
A troca de galhardetes podia ter ficado por aqui mas as acusações entre candidatos continuaram, mais uma vez a envolverem Trump. Rand Paul, senador pelo estado do Kentucky, foi atacado por Trump, que fez questão de dizer que Paul nem devia estar presente naquele debate por se encontrar em 11.º lugar. Rand não gostou e defendeu-se, dizendo que Trump só sabe “fazer política a atacar o aspecto físico das pessoas”. E mais uma vez, Trump não ficou calado: “Nunca o ataquei usando o seu aspecto físico e olhe que há muito material para o fazer.”
Apesar dos fogos no debate, houve tempo para discutir assuntos mais importantes, como o planeamento familiar, a imigração, questões de segurança nacional, política fiscal e até a legalização da marijuana para fins recreativos.
Ben Carson, em segundo lugar nas sondagens, parece ter perdido uma oportunidade de brilhar e aproveitar o seu lugar cimeiro nos inquéritos à população.
Mesmo tendo sido o mais atacado de todos os candidatos e segundo uma sondagem feita pelo New York Times e a CNBC, Donald Trump continua à frente na corrida republicana para se defrontar com o candidato democrata nas eleições presidenciais de 2016, angariando uns vantajosos 27%, face aos 18% de Carson. Em terceiro lugar está Jeb Bush com 13%. Todos os restantes candidatos têm apoios abaixo dos 6%.
Horas antes do debate principal, foi realizado outro debate para os quatro candidatos pior colocados nas sondagens. O ambiente foi bem mais calmo que no debate principal e, por motivos óbvios, teve menos audiência.
Entre os vários temas abordados encontrou-se o caso da funcionária estatal do Kentucky, Kim Davis, que se recusava a emitir licenças de casamentos para casais homossexuais e que foi detida e mais tarde libertada por não respeitar as ordens do Supremo Tribunal norte-americano.
