José Sócrates a promover cursos de formação superior do lado de lá do Atlântico, em pleno Rio de Janeiro? Sim, é possível. A imagem do ex-primeiro-ministro apareceu publicada no site de um consórcio de universidades públicas brasileiras de ensino à distância, acompanhada de um slogan: “Estamos entre as melhores instituições de ensino superior do Brasil.” “Um abuso de imagem, uma falsificação e, acima de tudo, uma montagem de mau gosto”, considera o advogado de Sócrates, João Araújo.
Na imagem publicada pelo CEDERJ – Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro (no site e no perfil da instituição no Linkedin), o ex-primeiro-ministro aparece com um diploma debaixo do braço e o cabelo ligeiramente mais branco que na imagem original. Mas a fotografia sofreu mais alterações: Sócrates surge de óculos e vestido com um traje universitário.
Contactados pela Renascença, que ontem divulgou a imagem, os responsáveis pelo CEDERJ explicaram que a fotografia de Sócrates foi comprada num banco de imagens, mostrando-se “surpreendidos” com o facto de se tratar de um ex--governante português.
Horas depois, e em declarações ao “Expresso”, o assessor de comunicação da universidade insistiu que tudo não terá passado de uma infeliz coincidência causada por um estagiário. “Nunca vimos nada assim. Costumamos usar fotografias de bancos de imagens, sobretudo gratuitas, mas nunca aconteceu nada assim”, tentou explicar Leonardo Viana – que ontem recebeu uma quantidade anormal de chamadas de Portugal. “Obrigado, muito obrigado por ligar! Sem os telefonemas, nunca iríamos descobrir. Não sabíamos de nada, quem era, nada!”, acrescentou o porta-voz do CEDERJ.
O i enviou uma série de perguntas aos responsáveis pela instituição, mas as respostas não chegaram até ao fecho desta edição. Ficou por explicar, por exemplo, como é que um “estagiário” conseguiu, depois de editar a imagem e colar um traje académico ao corpo do ex-primeiro-ministro, publicar a imagem no site e no perfil Linkedin da instituição sem que ninguém se tivesse apercebido de quem se tratava.
“Não sei se terá sido uma graça ou uma coincidência. Tem havido tantas coincidências [com José Sócrates] que já aborrece”, diz João Araújo que, para já, não vai processar o CEDERJ: “Temos muito com que nos preocupar e mais tarde se verá.”