Vaticano. Um padre e dois bispos portugueses no Sínodo da Família

Vaticano. Um padre e dois bispos portugueses no Sínodo da Família


Um antigo padre, o cardeal-patriarca e o bispo de Portalegre representam Portugal na discussão de temas polémicos sobre a família.


Um padre e dois bispos portugueses. A Santa Sé divulgou ontem a lista final dos participantes na segunda e última parte do sínodo sobre a família convocado pelo Papa Francisco. Entre 4 e 25 de Outubro, vão estar no Vaticano mais de 400 pessoas vindas dos cinco continentes para debater a relação da Igreja Católica com as novas formas de família.
 
E o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, o bispo de Portalegre, D. Antonino Dias, e um antigo padre de Queluz, Duarte da Cunha, fazem parte da lista de convocados. Na primeira parte do sínodo, em Outubro do ano passado, só D. Manuel Clemente participou, na qualidade de presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). E, este ano, volta a repetir a viagem a Roma, depois de ter sido escolhido por voto secreto para representar Portugal. 

No sínodo há quotas para o número de participantes que as conferências episcopais de cada país podem levar a Roma, definidas de acordo com o número de bispos e até um máximo de quatro. Portugal tem direito a dois lugares e, além do cardeal–patriarca, foi eleito, também por voto secreto, o bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias – que é presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família e costuma acompanhar o tema das famílias em Portugal. 

Mas há ainda um terceiro nome português na lista divulgada ontem: Duarte da Cunha, um padre da diocese de Lisboa com 47 anos e que foi pároco em Queluz até ter sido escolhido para secretário-geral das Conferências Episcopais da Europa – cargo que ocupa, na Suíça, há dois mandatos. Duarte da Cunha, reconduzido no lugar no ano passado por unanimidade pelos bispos de toda a Europa, foi escolhido para colaborador do secretário-especial do sínodo, Bruno Forte, um monsenhor italiano. 

três semanas até ao fim Além dos participantes no sínodo escolhidos pelas conferências episcopais e dos elementos que têm acesso automático à participação devido aos cargos que ocupam na Cúria – como é o caso do secretário-geral do sínodo –, o Papa chamou também à discussão vários bispos e cardeais. E voltou a surpreender, ao nomear dois padres italianos (não é usual que simples párocos sejam convidados). Vão igualmente participar 34 mulheres e 17 casais provenientes de quatro continentes. No total, 267 pessoas terão direito a voto, em representação de 110 países. 

Os trabalhos serão divididos em três semanas e em cada uma será debatido um tema do documento de trabalho que saiu da primeira parte do sínodo: desafios, vocação e missão da família. 

No final da semana passada, o Papa Francisco antecipou alguns dos temas que deverão dominar a reunião e mostrou--se preocupado com “ameaças ideológicas” em relação às famílias, lembrando que existem hoje “feridas” na vida dos casais que exigem “misericórdia” por parte da Igreja. 

A expectativa em relação ao que poderá sair do sínodo é grande. As conclusões dos grupos de trabalho que saíram da primeira parte, no ano passado, revelaram uma Igreja profundamente dividida em relação ao tratamento que deve ser dado a questões como o acolhimento dos homossexuais ou a eventual abertura da comunhão a católicos divorciados ou recasados. 

As divergências tornaram-se tão óbvias que levaram o cardeal Schönborn, arcebispo de Viena, a comparar o ambiente do sínodo a “uma família em que a mãe diz ‘cuidado, é perigoso’, mas o pai incita o filho a não ter medo e avançar”.