© Davor Stojnek/EPA
Sabemos que, no mundo, metade das pessoas refugiadas são mulheres e cerca de 40% são crianças. Fogem da guerra, das perseguições, da fome, da escravatura, dos casamentos forçados, dos raptos, das torturas, dos desaparecimentos involuntários, das violações e de outras formas de violência sexual (frequentemente usada como arma de guerra), da morte…
Quando conseguem deslocar-se e escapar aos conflitos armados e outros, ao extremismo e ao terrorismo, os seus percursos são particularmente vulneráveis à exploração, à intimidação, ao tráfico de seres humanos e aos abusos mais medonhos.
Não, não se trata de subestimar as experiências de terror e o sofrimento dos homens refugiados, mas de apelar à atenção para as circunstâncias tragicamente comuns e para aquelas que têm a marca do género. Estou frequentemente com pessoas de agências e organizações internacionais, em particular das Nações Unidas.
Cruzamo-nos quando procuram consolidar a formação como “Gender focal points” – elementos que, no âmbito das suas missões de assistência humanitária, integram uma abordagem de género. A Humanidade somos todas e todos nós. “(…) em cada ferida que sara escondida do mundo/ eu sou igual a ti”… [Palavras extraordinárias na voz de Mafalda Veiga e de Jorge Palma]).
Mas conhecer as especificidades das vivências de mulheres (e meninas) e as dos homens nas zonas de conflito e nos vários momentos da senda de refúgio, é absolutamente fundamental para melhor proteger, apoiar e intervir. Assim o sentido de humanidade e o núcleo do direito internacional humanitário não sofram de ferida maior.
Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão – Universidade de Lisboa
Escreve à quarta-feira