A última semana tem sido profusa em auto-elogios e auto-avaliações de António Costa em relação aos seus mandatos na Câmara de Lisboa e aos compromissos que, insiste, honra inquestionavelmente.
Normalmente, costuma dizer-se que o auto-elogio esconde uma certa vaidade desesperada. Desconfio que com Costa seja assim. Há, no fundo, uma certa vaidade de Costa sobre o seu ser contagiável aos seus colaboradores e apoiantes mais próximos e que, a três semanas das eleições, se adivinha insuportável. Exemplo disso foi a maneira como festejaram o fim do debate com Passos Coelho, com direito a garrafa de champanhe e tudo.
O problema desta necessidade narcisística sobre a qual gira toda uma estratégia política e um projecto para o país é que, num ápice, se torna falsa e dá origem a uma soberba imprópria e prejudicial. Há uma linha muito ténue que separa a confiança da vaidade. E, por razões óbvias, a vaidade da arrogância.
A sua entrevista na RTP e o ataque feroz ao jornalista Vítor Gonçalves, quando confrontado com pedidos de esclarecimento sobre as medidas que propõe e com a realidade dos factos, e sobretudo dos números, é uma manifestação clara de uma postura incompatível com quem se diz conhecido por gerar consensos.
Mas é reveladora. Costa não gosta de ser confrontado com a realidade nem aceita que ponham em causa as suas verdades. Por uma razão simples. Não tem confiança nas propostas que apresentou e não se sente confortável a debatê-las quando a realidade dos factos é a primeira a desdizê-las. A soberba é a sua defesa.
Deputado
Escreve à segunda-feira