Bem-me-quer, mal-me-quer, bem-me-quer, mal-me-quer. O Benfica de Vitória começa a época algo trocado das ideias, sem rumo certo. É ao sabor da maré. Derrota (Sporting, no_Algarve), vitória (Estoril, na Luz), derrota (Arouca, em Aveiro), vitória (Moreirense, na Luz). Vem aí derrota? Não, isso não. Esse fim-de-semana já está reservado há muito para a selecção nacional. Espertinhos. O Benfica salta esse um-dó-li-tá e acerta os parafusos, como diz Jardel. Quer isso dizer, olhà vitória. E que vitória.
O Benfica antecipa o jogo da quarta jornada com o Belenenses para sexta-feira, de olho na estreia da fase de grupos da Liga dos Campeões, com o_Astana. A surpreendente equipa do Cazaquistão é mais famosa mundialmente pelo ciclismo e agora cresce no mundo da bola. Vai daí, entra pela porta grande da UEFA._E joga na Luz, daqui a quatro dias, na terça-feira. Ai é de ciclismo de que se fala? O Benfica empenha-se a fundo e aquela primeira parte é um regresso ao passado. A segunda também. O Benfica domina, constrói e marca._Sem apelo nem agravo. Ao intervalo, três-zero. No fim,. Enfim, é como andar de bicicleta, ninguém se esquece. E este Benfica, com este Jonas e este Gaitán, pedala sem parar.
RADAR A história é a história dos golos. Que frase, é o sonho de qualquer um. O Benfica faz o que quer do Belenenses e salta para a liderança isolada à espera do Arouca-Porto de hoje e do Rio Ave-Sporting de amanhã.
Rui Vitória aposta em Gonçalo Guedes a titular no meio das feras Júlio César, Semedo, Luisão, Jardel, Eliseu, Samaris, Talisca, Gaitan, Jonas e Mitroglou. O Beleneses, com três empates em outros tantos jogos, alinha os ex-benfiquistas Miguel Rosa e Carlos Martins (capitão) entre Ventura, Amorim, Tonel, Brandão, Geraldes; Ricardo Dias, Rúben Pinto, Sturgeon e Kuca.
O cara ou coroa entre Carlos Martins e Luisão é engraçado. Os dois sorriem e abraçam-se. Sai o Belenenses com a bola e logo aí se percebe o desnorte dos azuis, com Carlos Martins a atirar a bola para fora aos três, quatro segundos. A partir daí, só dá Benfica. Ou melhor, só dá Jonas.
ZOOM O avançado brasileiro renova esta semana até 2018 e dá um presente aos adeptos benfiquistas. Um, não. Três._Começa por assistir Mitroglou para um cabeceamento contundente (Tonel nas covas), aos 5’, e faz dois golos.
O primeiro, com o pé esquerdo, numa bola dividida com Geraldes no interior da área e remate rasteiro para o meio da baliza (17’). O segundo, com o pé direito, após receber uma bola perdida com a coxa esquerda. Jonas mais Jonas igual a Jonas (40’)._Ele enche o campo e tranquiliza o Benfica a uma semana da visita ao Dragão, com o tal Astana pelo meio – a última vez de um 3-0 ao intervalo no dérbi remonta a 1993 e acaba 5-1.
A segunda parte começa com o golo do grego Mitroglou, numa (outra) belíssima jogada de Gaitán pela esquerda. O argentino engata o pobre João Amorim e serve Jonas. Um defesa azul intromete-se e assiste, sem querer, Mitroglou._Com a baliza à sua mercê, 4-0. O quinto é uma obra de arte. A combinação entre Jonas e Gaitán é sublime. Até os olhos se baralham na repetição. Gaitán-Jonas, Jonas-Gaitán, pim pam pum e é golo. O toque de calcanhar do brasileiro isola o argentino e este engana Hugo Ventura como se de um penálti se tratasse: bola para um lado, guarda-redes para o outro.
MAIS O Belenenses, coitado, nem se mexe. Para lá do seu meio-campo, queremos dizer. E assim continua por largos instantes._Até porque Talisca faz meia-dúzia com um pontapé cheio de efeito do meio da rua._A bola entra pelo meio da baliza, Hugo Ventura sai mal na fotografia.
O povo quer o sétimo a todo o custo. Os jogadores esforçam-se para agradar. Gaitán faz outra jogada das dele, só que há um defesa mais atento a roubar-lhe protagonismo. Quando o argentino é substituído, o público levanta-se e faz a devida vénia. Já ocorrera há um ano, também com o Belenenses (3-0), quando Gaitán dribla uns três ou quatro antes de dar de bandeja para Enzo. Em dia de emoções fortes no US Open e Vuelta, o Benfica dá um festival.