Salários. Liga de Cavalheiros… milionários

Salários. Liga de Cavalheiros… milionários


Andar ao murro compensa: o boxe tem os dois atletas mais bem pagos do mundo. Só depois vêm Ronaldo e Messi.


“O que posso fazer por ti?”, pergunta o agente Jerry Maguire a um dos seus atletas mais valiosos. Do outro lado ouve um simples “show me the money (mostra-me o dinheiro)”, alternado com bum bum bum; é a batida musical que marca o ritmo para uma conversa que acaba aos gritos. “Show me the money”, berra agora de forma incessante Jerry, num dos mais famosos diálogos cinematográficos, mostrando o empenho ao seu cliente.

A indústria desportiva cresceu consideravelmente nas últimas décadas e, claro, as suas caras mais famosas tornaram-se (ainda mais) milionárias. Em 1990, quando a Forbes começou a compilar os rendimentos dos desportistas, Mike Tyson era o n.o1 com 25,5 milhões de euros anuais – que em 2015 equivaleriam a 46,5 milhões, com o cálculo da inflação. Hoje seria apenas o oitavo da lista.

Pelos vistos andar ao murro compensa (não interprete isto literalmente): os protagonistas do boxe aparecem frequentemente nos lugares de topo. Nunca como agora algum desportista recebeu tanto no espaço de um ano (de 1 Junho 2014 a 1 Junho 2015): Floyd Mayweather é de longe o mais bem pago de sempre, com 268 milhões.

Mas continuemos focados no crescimento e viajemos novamente até ao início da década de 90 do século passado. O top-10 auferiu 114 milhões nos valores da época, 208 milhões em 2015. Se somarmos os rendimentos dos 10 mais bem pagos da actualidade, onde Ronaldo é o 3.o, talvez o melhor seja segurar-se à cadeira: são 950,2 milhões de euros, quase o quíntuplo. O desporto ganhou o seu lugar à mesa dos ricos.

E, claro, Ronaldo e Messi não fogem à regra. A dupla de melhores jogadores do futebol mundial duplicou os rendimentos em poucos anos. Apesar de tudo, a modalidade rei, em Portugal e em grande parte do planeta, não costuma ter muitos representantes no top. David Beckham foi uma das poucas excepções; entre 2007 e 2011 o médio inglês apareceu nos 10 primeiros.

O máximo que atingiu foi 44,6 milhões de euros. Actualmente, CR7 e Messi já ultrapassaram esse montante com larga margem. Só em salários, o 7 português (47 milhões) e o 10 argentino (46,8) continuam a bater recordes no futebol, e já ultrapassam os rendimentos totais do médio britânico que terminou a carreira em 2013 no PSG. Depois, para além disso, ainda recebem 24 milhões e 19,2, respectivamente, de patrocinadores e publicidade.

numa galáxia distante De Madrid ou Barcelona, a Porto e Lisboa, a distância física não é muito grande. Mas, em termos futebolísticos, é gigante. Analisando a época passada, Cristian Tello foi o jogador mais bem pago por clubes da Liga, segundo dados do jornal Record.

O extremo do FC Porto auferiu 2,5 milhões de euros limpos (cerca de 5 milhões brutos), mais 600 mil euros que o capitão do Benfica, Luisão, com 1,9 milhões (3,8 em valores brutos). Nani, emprestado pelo Manchester United ao Sporting, tinha um rendimento de 5 milhões, embora este fosse suportado na totalidade pelos red devils. Outro fenómeno é a crescente importância dos treinadores.

Na Luz, entre plantel e equipa técnica, o elemento mais bem pago era… Jorge Jesus. O ordenado do técnico bicampeão nacional atingia os dois milhões limpos por época – e será superior, em 2015/16, no Sporting. Mesmo assim, JJ está num patamar financeiro distante de Guardiola e Mourinho. O treinador do Bayern ganhou 21,4 milhões, o português do Chelsea ficou-se pelos 15 (dados France Football).

João Sousa, o melhor tenista português de sempre, fica a léguas dos futebolistas mais bem pagos na Liga. Em 2014, o ano mais bem sucedido a nível financeiro, o vimaranense de 26 anos recebeu 600 mil euros. Desde 2007, Sousa amealhou um prize money total de 1,6 milhões em torneios ATP. No surf, um dos desportos que mais tem crescido nos últimos anos, os valores são ainda mais reduzidos. Tiago Pires, o único português a competir na elite mundial (entre 2007 e 2014), conseguiu 570 mil euros na carreira.

Em ambos os casos, os valores divulgados pela ATP e pela WSL (World Surf League) não incluem os contratos de patrocínio e publicidade. Mesmo assim, o exemplo mostra bem a diferença entre um desportista de topo noutra modalidade, em Portugal, e o futebol.

classe vintage Se tiver jeito para fazer birdies, afundanços ou guiar a alta velocidade (nas estradas não conta) também se arrisca a possuir uma conta bancária choruda. O golfe, a NBA ou a Fórmula 1 são habitués no top da Forbes. Mas vamos acelerar até aos dados do desporto automóvel que move mais dinheiro. Na década de 90, a rivalidade Ayrton Senna/Alain Prost animou os fãs da F1.

Resultado? O brasileiro chegou a ganhar 20 milhões, o francês apenas 10. Mas a volta mais rápida seria de Schumacher. O heptacampeão mundial foi ganhando hegemonia na modalidade e atingiu, em 2004, valores nunca vistos: 72,3 milhões. Apesar de uma subida dos valores médios, o campeão de 2014, Lewis Hamilton, só fez 35,2 milhões. Ou seja, o estatuto de estrela e a capacidade de projectar a imagem pelo mundo fora em milionários contratos publicitários fazem a diferença. Por isso Schumi continua a ser o mais bem pago de sempre na F1.

Obasquetebol é a modalidade com mais atletas no top-10:LeBron James, Kevin Durant e Kobe Bryant. Também aqui o crescimento é ofuscado pelo inevitável Michael Jordan. Foi o maior durante anos na tabela (dos salários e na real, no campo) – atingiu os 62,3 milhões de euros em 1998, equivalente a 90,9 milhões a preços de 2015, bastante mais que LeBron James. Mais uma vez a vertente publicitária assume lugar de destaque.

O golfe também dá as suas tacadas de mestre. Tiger Woods destronou Schumacher e foi o 1.o da tabela durante dez anos consecutivos (2002 a 2011). Phil Mickelson tenta seguir os seus passos mas dificilmente atingirá os valores do maior prodígio que a modalidade já assistiu.