Preparação. Passos abrandou para se preparar e Costa “treinou duro”

Preparação. Passos abrandou para se preparar e Costa “treinou duro”


António Costa fez media training. Passos aliviou a agenda para se preparar para o debate com o seu principal adversário. 


Passos Coelho preparou-se para o piscar de olho à esquerda e levou para o debate alguns dados sobre a realidade nacional, para perturbar Costa. Já para António Costa, a preparação “foi dura”, garantem-nos, e há quem nos assegure que nem faltou uma sessão de media training com uma ex-vedeta televisiva.

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Mas como se prepara um debate que antes de o ser já o denominavam de histórico? Não deve ser fácil. Miguel Relvas lembra-se dos tempos de 2011, quando Passos Coelho e José Sócrates se encontraram, olhos nos olhos, na RTP, e também então não havia meio de as sondagens desempatarem.

“Estes debates preparam-se com tempo, não é no próprio dia. Na altura, lembro-me de ter uma conversa com ele, estava lá eu, Nogueira Leite e Eduardo Catroga. Mas foi uma pequena reunião. Saí e fui para casa ver o debate na TV. Mas, agora, Passos Coelho conhece bem os dossiês. Nestes debates há sempre aquelas surpresas… Na altura, recordo-me que José Sócrates levou uma : o relatório da Fomento Invest que elogiava a situação do país. Mas a coisa não resultou.” 

De facto, não. José Sócrates acabaria derrotado e com uma diferença de mais de dez pontos percentuais (38,6% – 28%). Agora, a reunião parece ter sido mais longa. Passos Coelho abrandou a sua actividade política, garantem-nos, sobretudo nesta semana do debate, e foi reunindo com uma “pequena task force”, para que nada faltasse ao domínio dos diversos assuntos. Todos os dossiês foram passados a pente fino pelos seus assessores. 

António Costa também não deixou de fazer o seu trabalho de casa. O líder do PS teve a sua preparação, e “muito dura”, dizem-nos. Há mesma quem garanta que António Costa há já algum tempo que está a preparar com os seus assessores as matérias mais quentes. Mas o domínio das câmaras, apesar da experiência de um e de outro, não foi descurado. Há quem garanta que Costa terá recorrido ao media training com uma ex-vedeta televisiva.

Já Passos Coelho, resolvido o domínio dos dossiês, optou por realizar pequenas reuniões com vários amigos para perceber a sensibilidade dos eleitores, sejam eles de direita ou de esquerda. “A imagem pública de homem sério é para preservar”, disse uma fonte ao i, “ a de alguém que tem um desiderato, uma missão para o país” e dali não vai sair, garante. E foi ainda aconselhado a puxar José Sócrates para o debate – as referências a José Sócrates, dizem-nos, “sempre com referência ao governo passado, e nunca ao presente”. 

E a batalha da conquista dos indecisos vai ser dura. Passos preparou-se bem e a estratégia ensaiada parece ter passado por empurrar os indecisos descontentes com o desempenho do governo para a esquerda, “PCP ou BE”, nem que isso obrigue a “um piscar de olho aos dois”, garantem-nos. E, bem aconselhado, Passos, neste piscar de olho à esquerda, até pode passar pelo “elogio à disponibilidade do PCP para assumir funções governativas”. O objectivo deste conselho é claro: o voto útil, os descontentes, os indecisos, devem engrossar os partidos à esquerda do PS.

Mas desta vez há também a novidade ou surpresas, como disse Miguel Relvas. Passos preparou várias. O líder da coligação levará, ou terá pelo menos sido aconselhado a levar dados sobre a realidade portuguesa e deixá-los cair ao longo do debate, para “embaraçar Costa”. Costa não contava com a vida fácil e Passos também não.