© Antonio Cotrim/Lusa
Desde que José Sócrates foi colocado em prisão domiciliária que os meios de comunicação social nada mais fazem do que relatar a situação do arguido mais famoso do país, colocando-se à porta da sua residência numa espécie de Big Brother televisivo.
Tivemos até direito a uma entrevista ao vivo a um funcionário da Telepizza que nos explicou que iria entregar uma pizza de “pepperoni com extraqueijo” ao antigo primeiro-ministro.
Com este show mediático, as declarações de António Costa de que não vai haver confusão entre este processo e a campanha eleitoral não passam de wishful thinking.
A coligação bem afirmou que não ia trazer o caso Sócrates para a campanha, mas não tem feito outra coisa. Paulo Rangel afirmou expressamente que a investigação do caso se devia ao trabalho deste governo. Marcelo Rebelo de Sousa vai à Festa do Avante e proclama urbi et orbi que “Costa está nas mãos de Sócrates”, já que, “se ele disser qualquer coisa que tenha a ver com a campanha, imediatamente passa a ser assunto de campanha”.
E Passos Coelho acaba de dar uma entrevista a salientar que há candidatos às eleições legislativas que têm “ideias próximas” das “defendidas e executadas” por Sócrates.
Sócrates já não está apenas subentendido nos discursos de campanha como “aquele cujo nome não pode ser pronunciado”. É referido sistematicamente a torto e a direito.
Os seus apoiantes tinham elaborado um hino em que cantavam: “Sócrates sempre presente. José Sócrates sempre.” Vamos ouvir esse hino até 4 de Outubro.
Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Escreve à terça-feira