É um artigo de opinião arrasador de Marta Rebelo, que assina nesta terça-feira uma crónica no DN a atacar a exposição de Joana Amaral Dias.
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"A infame capa da Joana Amaral Dias desnuda não é libertária e não coloca a nu os preconceitos dos outros", escreve a ex-deputada, que chama de "conceção utilitário-eleitoralista do nu, da gravidez, do feminismo, da paridade".
"Não, não há nada de libertário naquele frame que fez capa de revista: há uma mulher, que há anos grita aos quatro cantos do mundo a sua contemporaneidade descomprometida e lutadora", diz, chamando ao acto de oportunismo.
"Por uma eleição à Assembleia da República atira ao ar o tão pouco que se conseguiu em matéria de igualdade de géneros neste país. E ainda tem a distinta lata de dizer que o fez 'por todas as mulheres'", atira, referindo o tempo que se cruzaram na Assembleia da República, lembrando os "múltiplos infernos" por que passou por ser "mulher, nova e engraçada, e cuidar do físico em paralelo com o intelecto".
"O que para a mulher de esquerda é crime de lesa-majestade", escreve a consultora de comunicação, dizendo que se recusou a fazer o que se esperava da "princesinha da esquerda moderna".
"E numa atitude de miséria umbiguista, vem a Joana Amaral Dias cuspir no absolutamente mínimo acquis igualitário da política portuguesa", continua. E pergunra: "Qual é a ideia? Qual é o pendor libertário que, solidariamente, a pré-mamã pretende passar a tantas quantas com ela partilham o género e já estão na política ou serão eleitas e nomeadas, daqui a um mês? Queres ser deputada? Despe-te."
Rebelo parece ter ganho aversão ao Parlamento. "Não tenho a menor intenção de ali regressar ou ser eleita ou nomeada para coisa alguma. A ideia convoca-me o vómito. Se venho a terreiro opinar é por entender que existe voz, acção e mudança sem a prostituição político-partidária", atira, ácida.
E não pára. "E porque me enoja profundamente ver uma mulher atentar contra tudo aquilo em que acredito. É por estas, e outras tantas, que não me afirmo feminista, mas paritária."
E compara Joana Amaral Dias a José Sócrates. "Nesta campanha eleitoral, Joana Amaral Dias está para o Agir como José Sócrates está para o PS. Ambos são problemas, e a quantidade de exposição é a questão. Ele preso em casa com receio de que se destape e venha a público falar da sua verdade. Ela porque se destapou a um mês das eleições e veio a público enganar-nos."