Jerónimo mais quatro anos na liderança  “se os camaradas quiserem”

Jerónimo mais quatro anos na liderança “se os camaradas quiserem”


Jerónimo resolve liderança do próximo congresso, mas as presidenciais podem servir de tirocínio a jovem quadro.


Jerónimo de Sousa confirmou ao i que, por sua vontade, o próximo congresso, em 2016, não será o da despedida. É verdade que não pôs ênfase na sua disponibilidade, nem determinação, fez até questão de repetir que a decisão dos seus camaradas será a fundamental, mas poucos serão os que acreditam que, havendo tal disponibilidade do seu secretário-geral para prosseguir na liderança ou, como disse, estando ele “ali para as curvas”, alguém possa querer suscitar um problema que, à partida, parece estar resolvido.

Já nas presidenciais, a candidatura de Jerónimo é improvável, mas pode servir para dar tempo de maturação política a um dos jovens quadros. 

O assunto das presidenciais é um tabu que o PCP garante apenas revelar depois das legislativas. E se há partido que consegue cumprir esse silêncio, por razões estratégicas ou outras, esse partido é o PCP. No PS, no PSD, no CDS ou até no Bloco de Esquerda, às vezes, o discurso oficial, por mais ruidoso que seja, deixa-se abafar pelo oficioso que, invariavelmente, diz sempre muito mais que o oficial. No PCP, não. O i questionou o gabinete de imprensa do PCP sobre presidenciais e a resposta saiu pronta: “A seu tempo, que não o presente, em que a concentração de energias está mobilizada para as eleições de 4 de Outubro, com toda a sua importância para contribuir para a ruptura com a política de direita, o PCP adoptará as decisões correspondentes à concretização das conclusões do XIX Congresso.”

Ora, as conclusões do congresso são verdadeira resposta de oráculo. Qualquer que seja a decisão do PCP, ela está consagrada no documento que resulta do congresso: “(…) assegurar uma intervenção própria sobre o modo como o PCP vê e defende o exercício das funções presidenciais”, mas também “contribuir para assegurar na Presidência da República o efectivo respeito pelo juramento de cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa”. Aqui está a conclusão que dá cobertura a qualquer que seja a estratégia presidencial. No esclarecimento, o gabinete de imprensa do PCP respondeu: “Não é possível conceber uma intervenção própria do PCP que possa ser assumida por outros.” Sendo uma verdade do senhor de La Palice deixa, no entanto, a ideia de que as presidenciais podem abrir a porta a um candidato próprio numa primeira volta. Não seria inédito que quem vá defender a mensagem do PCP nas presidenciais possa fazer tirocínio para uma futura liderança. Assim foi com Carlos Carvalhas, candidato do PCP em 1991.