O olhar do sôr fotógrafo amador

O olhar do sôr fotógrafo amador


Aos 69 anos, António está reformado e dedica-se ao hobby da fotografia.


António nasceu em 1946 no bairro de Santa Catarina mas vive em Alfama, onde lembra os tempos em que havia vacas leiteiras na Rua do Jardim do Tabaco e a mãe ia buscar leite com a caderneta do racionamento. Homem “da esquerda pura”, teve de se declarar anticomunista para manter o trabalho na fábrica de armas do Braço de Prata, e depois para os alemães, na base área de Beja, como mecânico de F-104. Sôr António, como lhe chamam, é um conversador nato.

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Aos 69 anos, está reformado e dedica-se ao hobby da fotografia. Já teve uma máquina de fole, mas agora virou-se para o tablet e para o smartphone. Apesar da facilidade, é exigente. Todos os dias fotografa, mas tem uma colecção de 600 imagens – o que não está em condições vai fora. Não capta apenas pormenores em prédios ou sombras, como a de D. José I, António tem uma veia de repórter. “Aqui estão as obras na Ribeira das Naus”, diz, rindo como bom lisboeta da durabilidade das intervenções na zona ribeirinha.

“Isto é Lisboa de manhã, não tem ninguém.” António tem uma verdadeira paixão pela cidade e faz questão de explicar por onde passava a muralha fernandina (aliás, é por ele que sabemos o passado do Beco do Maquinez) e de recapitular matéria obrigatória, como as sete colinas. Além de passear de tablet em riste, está a par da agenda cultural e ri-se da nossa desactualização.

Gostou das florestas submersas no Oceanário, da exposição da TAP, do Museu do Banco de Portugal, dos novos terraços do Carmo e da mostra sobre a luz da cidade, no Museu de Lisboa até 20 de Dezembro. E um fotógrafo, mesmo amador, que não soubesse o porquê da luminosidade que tanto encanta quem passa por Lisboa, não podia ser. “É o resultado de estar virada a sul, do reflexo do mar, da cor dos prédios e da calçada.” Uma mistura única.