Há dez anos, Fernando Oliveira deixou a sua carreira de desenhador de construção civil numa empresa multinacional para se lançar num projecto por conta própria. Contar com a experiência de outros empresários no mesmo sector levou-o a optar por um negócio em regime de franchising. Nessa altura, lança a Loja do Condomínio. “Numa primeira fase surgiu a vontade de ter um negócio próprio. A decisão de recorrer a este modelo prendeu-se com o facto de ter visitado algumas feiras de franchising e ter também pesquisado um pouco sobre algumas redes”, confessa ao i.
O empresário admite que os custos que são exigidos poderão ser um entrave ao lançamento do negócio. “Na altura em que comecei, conseguia-se com alguma facilidade empréstimo bancário. Actualmente poderá ser um obstáculo, depende muito do valor que o empresário terá para fazer o investimento.”
Para iniciar o projecto, Fernando Oliveira investiu cerca de 35 mil euros, acrescidos de IVA. Para quem está a pensar em entrar neste modelo de negócio, o empresário aconselha a “analisar muito bem a rede de franchising em que está a pensar investir. Visite várias unidades e tente obter o máximo de informações sobre o modelo de negócio, que tipo de apoios são prestados pelo franqueador, quanto tempo tem a rede de mercado nacional, etc. Não investir em redes que possam facilmente passar de moda é, sem sombra de dúvida, algo a ter em linha de conta”, conclui.
Maior segurança Joana Tomás, juntamente com duas sócias, investiu na marca Vivafit. As três já trabalhavam neste ginásio e acabaram por “apanhar” um, num trespasse em 2012. “Optámos por esta marca devido ao posicionamento que a Vivafit tinha e ainda tem, já que é líder de mercado de ginásios só para mulheres. Temos uma visibilidade completamente diferente do que se fosse um ginásio aberto por nós. Deu-nos uma segurança maior”, confessa ao i.
Apesar de o modelo de negócio já ter sido testado, a empresária admite que há sempre riscos. “Em tempos de crise há sempre surpresas, independentemente de estarmos ou não num negócio em franchising, e por mais fortes que sejam as marcas e por mais sucesso que tenham, há sempre adversidades. Mas é claro que estar num franchising dá mais segurança”, diz.
Joana Tomás admite que os custos exigidos são elevados. No entanto, por terem sido trabalhadoras nesta marca, tiveram um desconto de 50% no direito de entrada. Nessa altura pagaram 9 mil euros, já com IVA, pelo trespasse. Além disso, são obrigadas a seguir uma série de critérios, desde o ambiente da loja até às modalidades desportivas oferecidas. No entanto, a empresária não vê isso como uma limitação ao negócio, mas sim como uma uniformização do conceito. Para já, faz um balanço positivo, pois conseguiu crescer em número de clientes e aumentar gradualmente a facturação.
Mudar de rumo Abraçar uma nova actividade profissional foi o objectivo de Rita Canhão quando investiu na marca Urban Obras. A empresária tinha 50 anos e estava a trabalhar no sector das telecomunicações. “Após procura intensa e análise das diferentes possibilidades, interessou–me o mercado de remodelação de imóveis, área em que não tinha conhecimento específico. Havendo franchisings nesta área, achei que era a forma mais rápida e eficiente de adquirir o know-how necessário, uma vez que a minha especialização era outra”, revela.
A empresária pagou um direito de entrada de 22 500 euros e acredita que os custos que são exigidos neste sistema compensam “se compararmos com a alternativa de iniciar de raiz um negócio num novo mercado, de forma independente”.
O negócio já tem três anos e, passado um ano e meio, adquiriu uma segunda franquia. “O negócio tem crescido a bom ritmo. A constante procura de soluções inovadoras e diferenciadoras por parte da Urban Obras faz com que a quota de mercado da marca esteja a crescer.”
Para quem está a pensar em entrar no negócio do franchising, deixa um alerta: “O empresário deve procurar conhecer bem o franqueador antes de fechar negócio. Há franqueadores que, após venderem a concessão, deixam os franqueados entregues a si próprios. Outros há que criam demasiados obstáculos ao desenvolvimento da actividade do franqueado.”
Mais lojas Ricardo Silva já trabalhava na Phone House e daí até abrir uma unidade sua foi um instante. O empresário usou a sua experiência profissional e optou por uma marca “já implementada e com notoriedade no mercado, o que reduz os riscos”. Na sua opinião, “começar do zero implicaria criar uma marca, e a falta de escala e histórico de vendas tornaria difícil o acesso a boas condições comerciais. Com um nível não muito elevado de investimento, temos contrapartidas equilibradas a nível do apoio à gestão, marketing e logística, e uma alargada gama de produtos e serviços”, revela ao i.
De forma a cumprir com as condições de adesão solicitadas e ter um fundo de maneio de segurança para os primeiros meses de actividade, Ricardo Silva investiu 30 mil euros. Apesar de admitir que o arranque de actividade tem sempre algumas dificuldades, o empresário garante que o negócio está a correr bem e espera num futuro próximo abrir mais unidades, estando já em negociações com a marca.
Valores atractivos A ausência de custos de entrada é uma das vantagens apontadas por Cátia Teles no sistema de franchising da Well’s. A empresária optou por seguir a sua área profissional, apostando num negócio relacionado com farmácia, mas reconhece que não é o investimento numa actividade em franchising que pode garantir um sucesso a 100%, apesar de reconhecer que tem maior probabilidade disso.
Cátia Teles investiu 150 mil euros, valor que inclui as obras/remodelação, mobiliário, equipamentos informáticos, licenciamentos e stock inicial. “No caso da Well’s, não existem custos de entrada, o que é um factor positivo, pois esse capital pode ser usado noutra área, como por exemplo as obras, diminuindo também o investimento inicial. Mensalmente existem contribuições para a rede que, na minha opinião, são justas face ao conhecimento, experiência e apoio que recebo diariamente da SonaeMC.”