O papel do Horto do Campo Grande  na corrida a Belém

O papel do Horto do Campo Grande na corrida a Belém


Luís Reto queria comprar o Horto do Campo Grande, mas Sampaio da Nóvoa opôs-se violentamente e acusou o reitor do ISCTE de “deslealdade institucional”.


Em 2011, o ISCTE dirigido por Luís Reto tentou comprar o Horto do Campo Grande. Sampaio da Nóvoa, então reitor da Universidade, opôs-se ferozmente, invocando o seu “direito histórico” sobre “a porta de entrada da Cidade Universitária” e afirmando que a venda dos terrenos ao ISCTE representaria “um grave agravo à Universidade de Lisboa”.

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Em reunião de 27 de Abril de 2011, o conselho geral da Universidade de Lisboa aprova uma deliberação intitulada “terrenos do Horto do Campo Grande”, onde afirma que “a Universidade de Lisboa não poderá, em caso algum, renunciar a terrenos que constituem a ‘porta de entrada’ da sua Cidade Universitária e que simbolicamente são um elemento central da sua identidade e da sua relação com o espaço público”.

A Universidade mostra a sua “grande perplexidade” em saber que “houve contactos e negociações com vista à alienação do terreno ao ISCTE-IUL, o que evidencia, por parte deste último, uma manifesta deslealdade institucional , pois que não houve, como se impunha, qualquer contacto com a Universidade de Lisboa”.  Reivindicando os seus direitos sobre o horto, “o Conselho Geral recusa qualquer possibilidade de que estes terrenos possam ser cedidos ou alienados a qualquer entidade, pública ou privada, e reprova a atitude desleal tomada por outra instituição universitária, o ISCTE-IUL, em relação a este assunto”.

Em ofícios de 2011 dirigidos ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e também ao ministro das Finanças, a que o i teve acesso, Nóvoa escreve que vender o horto ao ISCTE é “completamente inaceitável, porquanto diz respeito a uma fracção inserida no núcleo central e histórico da Alameda da Universidade de Lisboa”. 

Bastante áspero com o Ministério da Ciência, Sampaio da Nóvoa escreve que “a disponibilização dos terrenos em causa, seja a que título for, oneroso ou gratuito, temporário ou definitivo, para outra entidade que não a Universidade de Lisboa, fosse qual fosse a sua natureza, pública ou privada, representaria grave agravo à Universidade de Lisboa”. Nóvoa promete uma luta sem quartel contra Luís Reto: “Queira V. Exa. saber que iremos defender, por todas as formas ao nosso alcance, o que consideramos serem os nossos direitos inalienáveis sobre um espaço histórico e emblemático da Universidade de Lisboa e que convocaremos toda a comunidade académica para que repudie esta tentativa de espoliação de um território que, sem qualquer dúvida, foi sempre aceite nos pertencer”.

Ao Ministério da Ciência, Nóvoa afirma que “a Universidade de Lisboa assume, sem qualquer tibieza ou equívoco, o seu direito histórico sobre os espaços adjacentes da Alameda da Universidade, os quais estão legitimados desde os meados do século XX, porquanto se trata de um dos núcleos fundadores da implantação desta Universidade nos novos espaços da Cidade Universitária”.

Sampaio da Nóvoa ganhou esta batalha, Luís Reto foi obrigado a comprar outro prédio. As relações entre os dois é que não melhoraram.