O ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional defendeu esta sexta-feira, num debate no Parlamento, que os refugiados "não devem ser vistos como um peso", e que podem contribuir para o desenvolvimento dos países que os acolherem.
"São antes pessoas que podem contribuir activamente para as sociedades, para a economia dos países que os acolhem", salientou Miguel Poiares Maduro, acrescentando que os países com mais sucesso, inovadores e dinâmicos "são, frequentemente, os países que recebem mais imigrantes".
O ministro, que falava na Assembleia da República, à margem do debate "A Ciência e a Política Regional", sublinhou a importância de acolher imigrantes "não apenas de um ponto de vista humanitário", ou como "um exercício de solidariedade", mas também como "uma oportunidade" para o crescimento económico.
"Tal como a própria comissária europeia teve oportunidade de dizer, Portugal é o país com melhor execução de fundos europeus, neste momento. Mas nós queremos mais do que executar muito, queremos executar bem", frisou Poiares Maduro, após uma breve reunião com a comissária europeia para a Política Regional, Corina Cretu.
O ministro frisou que o próximo programa de fundos comunitários, até 2020, deve privilegiar o investimento na criação de emprego e inclusão social.
Para Poiares Maduro, o caminho passa pelo desenvolvimento em áreas do conhecimento, nomeadamente criando condições para uma maior ligação das universidades às empresas, mas "a política de coesão" também deve ser melhorada ao nível das instâncias comunitárias.
"As migrações são realmente um grande desafio", admitiu Corina Cretu, que participou no 55.ºCongresso Europeu de Ciência Regional, que entre terça-feira e hoje trouxe a Lisboa centenas de cientistas e investigadores de todo o mundo.
A comissária europeia notou que os recentes incidentes com migrantes na Europa "não são um problema de um só país", da Hungria ou da Itália, por exemplo, mas que exige uma resposta comum e espera "uma mudança de consciência" de países até agora relutantes em participar na solidariedade para resolver o problema.
Corina Cretu apontou "a ironia" de, após anos de luta na União Europeia para a criação de um espaço de livre acesso, com um mercado comum, os países europeus serem confrontados com a necessidade de investir na integração dos imigrantes.
A comissária para a Política Regional reconheceu que Portugal "é um exemplo para a Europa" no aproveitamento dos fundos comunitários, levando em conta os 95% de utilização das verbas do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), no 2007-2013.
Após o investimento em infra-estruturas, Corina Cretu defendeu a necessidade de, no novo programa comunitário Portugal 2020, se apostar "mais na inovação, investigação, desenvolvimento, energia e na agenda digital".
A prioridade deve passar pela criação de emprego, principalmente para os mais jovens, de forma a reduzir as assimetrias entre as várias regiões da Europa, apontou a comissária responsável pelas políticas de coesão na União Europeia.
O congresso da Associação Europeia de Ciência Regional (ERSA), organizado pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional, debateu "a relação entre a ciência e as políticas, nomeadamente as de coesão territorial europeias orientadas para os países e regiões com problemas graves de finanças públicas".
O debate "Ciência, Política e Sociedade", coordenado pelo vice-presidente da Assembleia da República, Júlio Miranda Calha, contou com a participação de Poiares Maduro, Corina Cretu e, entre outros académicos nacionais e estrangeiros, dos deputados Pedro Saraiva (PSD) e Vieira da Silva (PS).
Lusa