Dismaland. A macabra Disneyland  de Banksy

Dismaland. A macabra Disneyland de Banksy


Bilhetes esgotados para o negro parque de diversões de Banksy que promete ser uma experiência deprimente. De tal forma que nem o glamour de Brad Pitt pode ser visto.


Comprar bilhetes para a Dismaland, a Disneyland negra de Banksy, mostrava-se tarefa complicada. O site bloqueava e já se especulava que tudo não passava de mais uma partida do artista de Bristol e que também fazia parte da experiência deste “bemusement park”. Finalmente, o primeiro lote de bilhetes ficou disponível na terça-feira (a 3 libras cada – aproximadamente 4 euros), mas esgotou em poucas horas. 

Na internet começava a loucura de vendas clandestinas e no eBay surgiram bilhetes a mil libras, coisa pouca. Nada que também não se vendesse com facilidade ou não estivéssemos a falar do evento de arte urbana do ano. 

Perante os avanços do mercado negro, um porta-voz do artista já referiu que é necessário mostrar a identificação à porta e que mais bilhetes serão postos à venda em breve (a Dismaland está aberta até 27 de Setembro).

Os bilhetes esgotaram em poucas horas e começaram a ser vendidos na internet por mil libras

Até Brad Pitt, fã assumido de Banksy (na verdade, quem não é?), mostrou interesse em visitar o parque, mas aparentemente terá direito a uma visita privada e de manhã, “para não animar demasiado os outros visitantes”, diz o “Independent”. A notícia foi avançada por outro jornal britânico, o “Mirror”, que cita fontes próximas do artista: “O Brad iria trazer demasiado glamour ao que deve ser uma visita muito deprimente, por isso o Banksy deu-lhe autorização especial para uma visita antes de abrir [antes das 11 da manhã].”

Brad não deverá levar os miúdos – o parque é grátis para crianças até aos 5 anos – e, aliás, pouca gente deverá ter coragem para levar os miúdos, a menos que lá vão parar por engano.

Princesas e carrinhos de choque A Dismaland fica à beira-mar, em Weston-super-Mare, Somerset, no sudoeste de Inglaterra, no espaço de um antigo parque aquático abandonado, o Tropicana – mais ou menos o equivalente a erguer uma exposição de arte urbana no antigo aquaparque da Costa da Caparica, fica a ideia.

Uma experiência incrivelmente deprimente, diz quem lá esteve, e o artista parecer ter cumprido o seu objectivo. Ora atentemos nas peças. “What it’s really like to be a princess”, na foto, é uma das atracções principais da Dismaland, onde podemos ver Cinderella, sem vida, num coche que se despistou e rodeada de flashes de papparazzi – uma referência à princesa Diana. Também há mais cenários que podiam estar num pesadelo, como a Morte a andar às voltas num carrinho de choque com banda sonora de fundo. 

Em vez dos tradicionais barcos dos parques de diversões, há botes carregados de imigrantes, alguns já caídos na água. Também há “Killer Whale jumping from a toilet”, uma orca que salta de uma retrete para uma piscina insuflável e uma mulher sentada num banco a ser atacada por gaivotas – e é provável que outras gaivotas verdadeiras se juntem à festa. 
Banksy convidou vários artistas de todo o mundo para o ajudarem na Dismaland como o norte-americano Bill Barminski, que construiu os controlos de segurança em cartão, onde é provável que lhe peçam para esvaziar as malas e tocar nos dedos dos pés.

A portuguesa Wasted Rita também tem algumas obras suas expostas na Dismaland, com cartazes com frases como:“I fucked it all up”, “You perfect piece of meaningful shit” ou “Such pure eyes to such obscure lips”.