Entrámos na última retrosaria da vila morena, a Casa Manaças, e demos de caras com o simpático Sr. Vitorino a contar moedas. Daquelas bem pequeninas e escuras.
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Aqui já se vendeu café e já houve vários empregados. Agora passa mais tempo sentado no banco, diz-nos Vitorino. Mas nem por isso deixa de ter de tudo um pouco para contar.
Esta é, há cerca de dez anos, a única retrosaria que se mantém activa na vila e por estes lados toda a gente sabe quem é o Sr. Vitorino.
A Casa Manaças fez há uns meses 101 anos e o Sr. Vitorino anda por cá há 60. Antes era do pai do patrão, que entretanto morreu. Começou aos 18 anos e nos primeiros anos de negócio a casa também vendia café e sapatos.
Antigamente havia muita concorrência, agora é ele sozinho e vai atendendo um cliente de vez em quando. Mas os grandolenses dizem que aqui se vende de tudo, “tem mais que uma farmácia”. Além de que ninguém põe os pés na Casa Manaças sem ficar um bocadinho à conversa.
Com a loja de electrodomésticos que teve juntamente com a mulher, há uns anos, aprendeu a arranjar máquinas e panelas de pressão. Mas o que as pessoas aqui mais procuram são tecidos, botões e fechos – que não encontram em mais lado nenhum.
A loja é muito colorida, dá vontade de ficar a olhar para todos os cantos, e o senhor Vitorino conta que por aqui passa muita gente de fora para tirar fotografias. Além de colorida, a loja tem na bancada uma emblemática Singer que o senhor Vitorino disse ter estado a arranjar. “Agora já funciona na perfeição.”
Todos os dias de manhã, antes de vir para a loja, o Sr. Vitorino, trata do mais importante, os animais da quinta.