Paredes de Coura. A primeira vez em que a festa esgotou

Paredes de Coura. A primeira vez em que a festa esgotou


Alguns atribuíram a culpa aos Tame Impala, outros ao campismo.


Alguns atribuíram a culpa aos Tame Impala, outros ao campismo, coisa cada vez mais rara nos festivais de Verão dos tempos que correm. Primeiro foram os passes gerais e depois os bilhetes diários. Father John Misty, Lykke Li, War on Drugs e Charles Bradley compuseram o cartaz desta 23.ª edição do festival.

 “À porta arranjamos bilhetes”, garantíamos uns dias antes a amigos vindos de Paris que não conheciam nenhuma das bandas do cartaz. Mas a confiança de arranjar entradas para um festival mais que esgotado também se esgotava assim que entrávamos em Paredes de Coura. Confusão instalada na vila e o taxista que contratámos de propósito para a ocasião – o campismo já não é para velhos – comparava a 23.ª edição do festival a um evento futebolístico. “É como ter aqui um Europeu ou um Campeonato do Mundo! Quem é que não gosta?” Com um anfiteatro natural destes (que este ano, com a enchente, também se encheu de pó) nem é preciso estádios para se fazer o festival com um dos cartazes mais alternativos e apelativos do ano.

Mas porque raio se esgotava o festival pela primeira vez em 22 anos? Alguns atribuíam a culpa aos Tame Impala, ao seu “Currents” fresquinho, lançado a meio de Julho, e à sua legião de fãs de 20 e poucos anos, também fresca para dormir numa tenda que, já se sabia, mais cedo ou mais tarde acabaria ensopada. Outros, mais territoriais, achavam que “agora que no Super Bock não se acampa vem tudo para aqui”. E outros, como nós, acabavam por não chegar a conclusão nenhuma enquanto esperavam nas filas para comer.

O que é certo é que nem a candonga quis dispensar bilhete para lucros de última hora à porta do festival. Foram 25 mil pessoas por dia (a capacidade máxima), número que muito provavelmente se deverá repetir no próximo ano (o festival já tem data marcada, entre 17 e 20 de Agosto de 2016), uma vez que a organização não está a contemplar alargar o recinto. Apesar de tudo, isto ainda é uma coisa mais ou menos familiar onde os telemóveis se podem deixar a carregar e não há preocupações em trancar mesas e cadeiras nas tendas.

Tame Impala, Charles Bradley e Father John Misty foram os deuses desta festa de quatro dias (embora houvesse gente com tenda montada na praia fluvial do Tabuão há quase um mês), que como sempre foi abençoada pela chuva, para dar um ar de Woodstock à coisa. Por falar em psicadelismo, bandas como os Temples, Pond e White Fence também por lá passaram e ainda houve espaço para Lykke Li, TV On The Radio ou Ratatat.

O suficiente para haver gente a aventurar-se mata adentro e desafiar as barreiras da natureza e do festival. Ninguém quer ficar de fora, nem os amigos de Paris sem bilhete que não conheciam nenhuma banda.