Já não há pés para tantos tiros


Quase sem pés, restam os pés de pato, que ainda assim são garante que baste de impulso


Gerar confiança é traçar um rumo claro, sólido e coerente que dê garantias às pessoas perante a incerteza que marcou a vida das pessoas, das empresas e das instituições nos últimos 4 anos de governo PSD/CDS. Esse exercício, é incompatível com os zigzags, com os sinais contraditórios, com a tentativa de fazer a quadratura do círculo com promessas generalizadas ou com anúncios de reversão sistemática de medidas do governo que, em caso de vitória, se sabe não serem concretizáveis, sem encargos financeiros para os contribuintes.

O que os portugueses têm assistido é uma sucessão de incoerências da alternativa proposta pelo PS e a persistência de Passos e Portas na afirmação de um futuro com demasiado passado, com a agitação de medos e com uma narrativa sem nexo com a realidade que aposta tudo na perceção das pessoas. E a perceção da alternativa do PS, nada sendo definitivo, não é, neste momento famosa. A verdade é que já não há pés para tantos tiros. E os pés são fundamentais para nos mantermos na vertical, com a coluna direita, e para fazermos os caminhos necessários para o país.

Salário Mínimo Nacional. Em 28 de julho de 2014, António Costa defendeu que o salário mínimo nacional deveria ser de 522 euros, pois era “fundamental para travar a austeridade, aumentar e atualizar o salário mínimo”. O programa eleitoral do PS mantem o compromisso do aumento, não se compromete com valores.

Grécia. Quando já estava claro que a Direita tudo faria para salvaguardar a ideia de não haver alternativa à austeridade, enquanto na prática introduzia novidades como o plano Juncker, António Costa colou o PS à vitória do Syriza para, depois dos fracassos do governo grego, demarcar-se. Em 25 de janeiro de 2015, a "Vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha", a 21 de julho, “ é necessário procurar um caminho alternativo que está sujeito a limitações no quadro europeu. Quem não quiser sujeitar-se a essas limitações coloca os seus países numa trajetória aventurosa de rutura com a participação europeia".

Legislativas. A oportunidade de António Costa concretizar o seu primeiro compromisso com os militantes e simpatizantes socialistas: a conquista da maioria absoluta. Fundamental para o País se livrar da Direita, com estabilidade e foco na criação de emprego. Depois do quadro macroeconómico, do programa eleitoral e da escolha dos protagonistas, em que se proclamou a salvaguarda da divergência no grupo parlamentar mas excluiu-se quem pensa diferente, António Costa condescendeu com a sucessão de tiros nos pés à volta dos cartazes, com a escolha de bodes expiatórios para camuflar a falta de comando político e a incompetência pura. “Aselhices”, nas palavras de António Costa, com graves danos na afirmação do PS como alternativa. Não perceber o papel das redes sociais, ignorar as mensagens subliminares que vão ganhando espaço na perceção das pessoas e deixar sem resposta as ideias que os adversários vão instalando, como se de autocolantes apostos no PS se tratassem, é não compreender a política, como ela se faz em 2015. É estranho para quem tem tanta experiência política.

Presidenciais. António Costa definiu a bitola: presidenciais, só depois das legislativas. Carlos César e outros dirigentes multiplicaram-se em sinais de apoio a Sampaio da Nóvoa, enquanto fontes do secretariado nacional passam para a imprensa que naquele órgão ninguém apoiaria Sampaio da Nóvoa e que até nem seria mau não apoiar ninguém porque António Costa tem boas relações com os putativos candidatos da Direita: Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio. Pelo meio, reafirma-se a doutrina das presidenciais após as legislativas, mas na Visão dão-se sinais pró-Sampaio da Nóvoa, “próximo da família socialista”. E do Livre, ao ponto de não ter participado na Convenção Novo Rumo do PS, a 17 de maio de 2014, momento de afirmação do PS no combate à Direita em Portugal e na Europa, em vésperas das eleições europeias, por apoiar Rui Tavares nessas eleições. Aliás, atitude de negligência eleitoral assumida por outros socialistas de cartão. Por mim, sem zigzags, as coisas estão claras: estarei como sempre nas legislativas e apoio Maria de Belém para ser a primeira mulher Presidente em Portugal, com uma presidência humanista, próxima das pessoas e centrada nas pessoas. 

Ainda pela Praia de Almograve, vislumbro que para as ondas deste mar de águas frias são precisas barbatanas que dão outra propulsão às braçadas que vencem distâncias, mas com tantos tiros nos pés, quase sem pés, restam os pés de pato, mais pequenos, que ainda assim são garante que baste de impulso. Perdidas as barbatanas políticas, restam os pés de pato para a conquista da prometida maioria absoluta. Pelo menos, os bodyboarders conseguem surfar a onda.

Político (PS)

Escreve à quinta feira.

Já não há pés para tantos tiros


Quase sem pés, restam os pés de pato, que ainda assim são garante que baste de impulso


Gerar confiança é traçar um rumo claro, sólido e coerente que dê garantias às pessoas perante a incerteza que marcou a vida das pessoas, das empresas e das instituições nos últimos 4 anos de governo PSD/CDS. Esse exercício, é incompatível com os zigzags, com os sinais contraditórios, com a tentativa de fazer a quadratura do círculo com promessas generalizadas ou com anúncios de reversão sistemática de medidas do governo que, em caso de vitória, se sabe não serem concretizáveis, sem encargos financeiros para os contribuintes.

O que os portugueses têm assistido é uma sucessão de incoerências da alternativa proposta pelo PS e a persistência de Passos e Portas na afirmação de um futuro com demasiado passado, com a agitação de medos e com uma narrativa sem nexo com a realidade que aposta tudo na perceção das pessoas. E a perceção da alternativa do PS, nada sendo definitivo, não é, neste momento famosa. A verdade é que já não há pés para tantos tiros. E os pés são fundamentais para nos mantermos na vertical, com a coluna direita, e para fazermos os caminhos necessários para o país.

Salário Mínimo Nacional. Em 28 de julho de 2014, António Costa defendeu que o salário mínimo nacional deveria ser de 522 euros, pois era “fundamental para travar a austeridade, aumentar e atualizar o salário mínimo”. O programa eleitoral do PS mantem o compromisso do aumento, não se compromete com valores.

Grécia. Quando já estava claro que a Direita tudo faria para salvaguardar a ideia de não haver alternativa à austeridade, enquanto na prática introduzia novidades como o plano Juncker, António Costa colou o PS à vitória do Syriza para, depois dos fracassos do governo grego, demarcar-se. Em 25 de janeiro de 2015, a "Vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha", a 21 de julho, “ é necessário procurar um caminho alternativo que está sujeito a limitações no quadro europeu. Quem não quiser sujeitar-se a essas limitações coloca os seus países numa trajetória aventurosa de rutura com a participação europeia".

Legislativas. A oportunidade de António Costa concretizar o seu primeiro compromisso com os militantes e simpatizantes socialistas: a conquista da maioria absoluta. Fundamental para o País se livrar da Direita, com estabilidade e foco na criação de emprego. Depois do quadro macroeconómico, do programa eleitoral e da escolha dos protagonistas, em que se proclamou a salvaguarda da divergência no grupo parlamentar mas excluiu-se quem pensa diferente, António Costa condescendeu com a sucessão de tiros nos pés à volta dos cartazes, com a escolha de bodes expiatórios para camuflar a falta de comando político e a incompetência pura. “Aselhices”, nas palavras de António Costa, com graves danos na afirmação do PS como alternativa. Não perceber o papel das redes sociais, ignorar as mensagens subliminares que vão ganhando espaço na perceção das pessoas e deixar sem resposta as ideias que os adversários vão instalando, como se de autocolantes apostos no PS se tratassem, é não compreender a política, como ela se faz em 2015. É estranho para quem tem tanta experiência política.

Presidenciais. António Costa definiu a bitola: presidenciais, só depois das legislativas. Carlos César e outros dirigentes multiplicaram-se em sinais de apoio a Sampaio da Nóvoa, enquanto fontes do secretariado nacional passam para a imprensa que naquele órgão ninguém apoiaria Sampaio da Nóvoa e que até nem seria mau não apoiar ninguém porque António Costa tem boas relações com os putativos candidatos da Direita: Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio. Pelo meio, reafirma-se a doutrina das presidenciais após as legislativas, mas na Visão dão-se sinais pró-Sampaio da Nóvoa, “próximo da família socialista”. E do Livre, ao ponto de não ter participado na Convenção Novo Rumo do PS, a 17 de maio de 2014, momento de afirmação do PS no combate à Direita em Portugal e na Europa, em vésperas das eleições europeias, por apoiar Rui Tavares nessas eleições. Aliás, atitude de negligência eleitoral assumida por outros socialistas de cartão. Por mim, sem zigzags, as coisas estão claras: estarei como sempre nas legislativas e apoio Maria de Belém para ser a primeira mulher Presidente em Portugal, com uma presidência humanista, próxima das pessoas e centrada nas pessoas. 

Ainda pela Praia de Almograve, vislumbro que para as ondas deste mar de águas frias são precisas barbatanas que dão outra propulsão às braçadas que vencem distâncias, mas com tantos tiros nos pés, quase sem pés, restam os pés de pato, mais pequenos, que ainda assim são garante que baste de impulso. Perdidas as barbatanas políticas, restam os pés de pato para a conquista da prometida maioria absoluta. Pelo menos, os bodyboarders conseguem surfar a onda.

Político (PS)

Escreve à quinta feira.