Os números mostram bem a rebelião que Angela Merkel continua a enfrentar no Bundestag – o parlamento alemão. Foram 454 votos a favor, mas 113 votos contra e 18 abstenções por parte dos deputados alemães, que esta manhã aprovaram o terceiro resgate à Grécia.
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Wolfgang Schäuble fez um discurso emotivo no Parlamento, durante o qual salientou a importância de uma Europa forte e solidária. Na ocasião, o responsável, pela pasta das Finanças notou ainda que ainda que a Grécia não utilize esta oportunidade, é responsabilidade do país, e que não cabe aos outros Estados-membros decidir sobre isso.
Secundado por estrondosos aplausos, segundo relatos do The Guardian, Schäuble voltou a repetir que um perdão da dívida não é algo que seja possível, uma vez que as leis da União Europeia não o autorizam.
Este tem sido, aliás, um dos pontos de maior tensão entre Atenas e os credores, com Alexis Tsipras a ter do seu lado o Fundo Monetário Internacional, que assegura que não participará num resgate ao país a menos que a Europa concorde com um alívio da dívida. Provavelmente passará por um período de carência no pagamento de juros e por um alargamento de prazos, uma vez que um corte tradicional da dívida não pode, legalmente, ser feito.
Schäuble tem sido uma das vozes mais dissonantes desta hipótese, tal como já vem sendo hábito no processo de negociação com o governo de esquerda do Syriza.
Seja como for, os alemães juntaram-se assim, esta quarta-feira (19 de Agosto) a Espanha, Áustria, Estónia e Eslovénia que durante esta semana já disseram sim ao terceiro resgate à Grécia. Durante o dia de hoje os deputados holandeses vão também discutir e votar o programa de assistência financeira – e por lá a opinião também não é unânime com vários analistas a ter dúvidas sobre se o país dará a sua aprovação. E embora o ‘não’ holandês não ponha em causa o resgate à Grécia, cria alguma tensão no já dividido parlamento dos Países Baixos.
Com a aprovação do resgate pela Alemanha fica assim a faltar a aprovação oficial do Mercanismo de Estabilidade Europeia – o Eurogrupo já disse sim, também – que deverá acontecer nas próximas horas, de forma a que Atenas receba até amanhã o cheque da primeira tranche do programa de assistência financeira, no valor de 26 mil milhões de euros. Isto porque o governo helénico tem que reembolsar até esta quinta-feira (20 de Agosto) cerca de 3 mil milhões de euros ao BCE, uma vez que chegam à maturidade títulos de dívida grega que foram adquiridos pela instituição.
Cerca de 10 mil milhões de euros servirão para recapitalizar os bancos – e nem sequer passa pelos cofres do Estado –, sendo que o que sobrar vai ser usado para pagar dívidas do Estado já em atraso.