O Sporting de Jorge Jesus é vencedor… e sofredor. O leão venceu os três jogos oficiais que realizou mas sofreu em todos até ao último minuto. Depois do golo nos descontos com o Tondela, Slimani deu a vitória aos 82’, quando o Sporting já não parecia ter pernas para vencer um jogo complicado.
O 2-1 é histórico, pois o clube lisboeta nunca tinha vencido uma equipa russa. E, mais que isso, significa ir para a segunda mão com uma vantagem importante na luta por um lugar na fase de grupos da Champions. O_empate que quase resistiu até final podia deixar os milhões da liga milionária mais longe de Alvalade, mas Slimani foi herói e apagou os estragos feitos por Doumbia.
O marfinense do CSKA marcou um, falhou outro de penálti e, juntamente com Musa, expôs todas as fragilidades do sector defensivo sportinguista. Mesmo assim, o triunfo dos leões é merecido. O 2-1 abre boas perspectivas para o jogo de dia 26 em Moscovo, mas dá pouca margem de erro à equipa de Jorge Jesus.
É necessário manter o ritmo competitivo durante 90 minutos, algo que os leões falharam em Aveiro (para a Liga) e esta terça-feira em Alvalade. Para já as vitórias por margem mínima mantêm a equipa com um registo 100% vitorioso, mas o teste em terras russas só poderá ser passado com a concentração em níveis bem mais elevados.
Musa distrai, Doumbia marca
Os primeiros 20 minutos voltaram a mostrar um Sporting de alto nível. A intensidade, o querer, a velocidade na construção e uma vertigem ofensiva que não encontra comparação com a versão Marco Silva. Em poucas semanas de trabalho, Jorge Jesus transformou para melhor este leão. O CSKA respirava fundo e esperava atrás pela sua oportunidade de não levar o leão para a toca – pelo contrário, o objectivo russo era apanhar o Sporting desprevenido na frente e desferir velocíssimos contragolpes. O golo de Teo logo aos 12 minutos deixava antever uma grande noite europeia em Alvalade.
O problema foi a incapacidade de manter o mesmo ritmo. A velocidade de execução no ataque foi baixando e, a cada perda de bola do adversário, os líderes da liga russa demonstravam saber exactamente o que fazer. Em poucos toques, a bola ficava perto da baliza de Rui Patrício.
A velocidade de Musa, Doumbia e Tosic era venenosa para a defesa leonina, que não conseguia encontrar o antídoto certo. João Pereira passava evidentes dificuldades e o edifício ameaçava ruir pelo seu lado. Aos 27’ o guarda-redes do Sporting evitou o empate com uma grande defesa num penálti de Doumbia (lance construído pela esquerda do ataque do CSKA). Os leões continuavam a ter mais posse de bola, mas sem saber o que lhe fazer.
A próxima grande ocasião foi para Slimani, que falhou o 2-0 na pequena área. Os russos meteram gás na frente e Doumbia correu meio-campo, só com Patrício pela frente, para empatar o jogo. Naldo esqueceu-se de avançar uns passos e deixou o avançado em posição regular. Um erro crasso do central, que pode vir a custar muito caro nesta eliminatória.
Miúdos reanimam leão
Os segundos 45 minutos foram ainda mais difíceis para o Sporting, apesar do desfecho positivo. O CSKA conseguia fechar bem os caminhos da baliza de Akinfeev, enquanto os leões tinham perdido o fulgor da fase inicial. Quando as ocasiões surgiam, a pontaria estava desafinada.
Ruiz, que quase tinha desaparecido do jogo, deu o lugar a Aquilani. Com a estreia do italiano, Jesus pretendia dar mais consistência e cérebro ao meio-campo. À excepção de um falhanço incrível de Doumbia, novamente isolado frente a Patrício, os russos já não se mostravam tão atrevidos no contra-ataque.
O técnico leonino voltou a apostar nos miúdos da cantera para os últimos minutos. Com a equipa adormecida, a velocidade de Mané e Gelson poderia ser a solução. Embora não estejam no lance do golo de Slimani (grande momento do argelino), acabaram por ajudar a reanimar o leão.
O CSKA demonstrou ser um adversário muito duro de roer, mas os leões podem perfeitamente marcar um golo na Rússia e fazer a eliminatória cair de vez para o seu lado, para acompanhar Benfica e FC Porto na fase de grupos.