A recuperação da economia portuguesa permitiu um surpreendente impulso no retalho. A confiança dos investidores neste segmento está a crescer, registando-se o maior nível de actividade já concretizado em volume de negócios desde sempre, disse ao i Andreia Almeida, consultora sénior da Cushman & Wakefield (C&W). Só no primeiro semestre deste ano foram transaccionados 741 milhões de euros em activos de retalho, o que representa um crescimento de 882% face ao mesmo período do ano passado. A maioria das transacções ocorreu no segundo semestre, reflectindo um crescimento de 92% em relação ao volume total de 2014.
Estes valores não são de estranhar, porque segundo a mais recente edição dos Snapshots Portugal, publicados pela C&W, as yields (taxas de rentabilidade) exigidas pelos investidores no mercado imobiliário atingiram no segundo trimestre de 2015 mínimos históricos em quase todos os sectores. Esta situação levou a uma subida média dos valores dos imóveis prime, em Portugal, de cerca de 30%. O comércio de rua em Lisboa continua a ser um activo-estrela, com as yields mais baixas. Só na primeira metade de 2015, em especial no segundo trimestre, registou-se um elevado fecho de transacções para lojas de rua em localizações prime e em centros comerciais regionais.
Por exemplo, entre as operações com maior destaque realizadas nos primeiros seis meses evidencia-se a venda do Fórum Montijo e do Fórum Almada, comprados pela Blackstone, diz Fernando Ferreira, director de Capital Markets da JLL.
Foram mais os estrangeiros que os portugueses que procuraram activos imobiliários para retalho, o que, segundo Andreia Almeida, tem a ver com o facto de “grande parte dos promotores e investidores portugueses estarem sob pressão de desalavancagem e a darem os primeiros passos no caminho da recuperação”. A mesma fonte adiantou ainda que “neste momento são os investidores internacionais que têm maior liquidez para investir no sector”. De tal modo que só no primeiro semestre de 2015 o capital internacional representou um volume médio por negócio de 49,4 milhões de euros.
“Só no primeiro semestre de 2015, em comparação com o ano passado, houve um crescimento para mais do dobro (121%) do volume de investimento internacional no retalho, atingindo os 710 milhões de euros”, acrescentou.
Fernando Ferreira explicou ao i que os estrangeiros são os que mais investem, nomeadamente nos centros comerciais e nos retail parks, não só porque este tipo de negócio exige montantes avultados como porque obriga a um conhecimento específico na gestão destes activos. Segundo Fernando Ferreira, os portugueses preferem alocar os seus capitais no segmento corporate – escritórios e industrial.
Para o futuro, as perspectivas mantêm–se optimistas, prevendo-se que o nível de procura por imóveis do sector de retalho continue a crescer consistentemente. “O aumento do nível de liquidez no mercado levou a uma compressão das yields para mínimos históricos, valores que se espera estabilizem”, afirmou Andreia Almeida. A mesma fonte sublinhou ainda que “poderá haver algum aumento ao nível da actividade dos fundos de investimento imobiliário nacionais, pelo que o peso dos investidores estrangeiros pode ser ligeiramente inferior em termos percentuais”.