Acredite, é verdade. O Benfica nunca, nunca mas nunca mesmo começa o ataque ao tricampeonato a jogar em casa. Em oito vezes, oito visitas. Bem, há ali um jogo em campo neutro, mas é tudo fora. E o resultado é ligeiramente satisfatório, com três vitórias, outras tantas derrotas e dois empates. Vamos lá então a saber.
O primeiro bis do Benfica acontece em 1937-38. Na tentativa de chegar ao tri, com o treinador húngaro Lipo Herczka ao leme, o sorteio indica uma visita ao Porto. À sua espera, o Académico. É sem espinhas: 4-0. Valadas marca o primeiro (1’). E o segundo (65’). Rogério Pipi amplia (75’) e Espírito Santo fecha a goleada aos 90’. É o arranque perfeito para o tri. O primeiro do Benfica. E de Portugal.
Em 1943, o Benfica volta a fazer bis.Com outro húngaro ao leme. Janos Biri, de seu nome. Nos Arcos, o Vitória é o adversário da primeira jornada. O estreante João Silva marca para os benfiquistas e reage o inevitável Francisco Rodrigues, que seria melhor marcador do campeonato nessa época – e na seguinte. Acaba 1-1. E o Benfica não chega ao tri. Culpa de um superior Sporting.
Só em 1961 é que o Benfica festeja outro bis. Surpresa, surpresa, outro húngaro no banco. É ele Béla Guttmann. No arranque para o tri (falhado, novamente por culpa do Sporting), o Benfica visita o Leixões noEstádio do Mar, em Matosinhos. É a primeira época a tempo inteiro de Eusébio e o pantera não faz a coisa por menos. Pum, pum. Dois golos (17’, 82’) e 2-1 para o Benfica. Pelo meio, um penálti de OsvaldoSilva (64’).
Fixem bem este nome: Eusébio. Seria novamente ele a figura do outro ano em que o Benfica se faz ao tri (mais uma vez, oSporting corta-lhe as vazas). Estamos em 1965, já de olho no Mundial em Inglaterra, e o Benfica vai a Coimbra. Ao intervalo, 2-2. No fim, 2-2. É no registo ora marcas tu, ora marco eu: Eusébio, Ernesto,Eusébio e MárioCampos. O treinador é Béla Guttmann.
Três anos depois, mais do mesmo. É aquele tempo em que oSporting impede o tetra do Benfica em ano de Mundial (1962, 1966, 1970 e 1974). Para desenjoar, um treinador brasileiro. É Otto Glória. Em Matosinhos, o Leixões vinga a derrota de 1961 com um claro 2-0 (Horácio 60’, Esteves 70’).
Mil nove e setenta e três, eis o Benfica atrás do tri.E toma lá mais uma derrota, esta no tempo de Jimmy Hagan, no Bessa. Um golo de Salvador (50’) e outro de Moura (88’) arrefecem os ânimos.
Avançam-se mais três anos e chega a terceira derrota seguida. OSporting de Jimmy Hagan (em estreia) não dá qualquer hipótese ao Benfica de John Mortimore (outro inglês, outro estreante) no dérbi de Alvalade. O nulo ao intervalo é só para enganar. No final, Manuel Fernandes (60’), Camilo (75’) e Baltasar (85’) constroem o 3-0. Nenhum destes dois será campeão, é o Porto (de Pedroto) ao fim de uma espera de 19 anos. Uffff.
A última tentativa benfiquista de se sair bem na primeira jornada como bicampeão acontece em Agosto de 1984. Já sem o sueco Sven-GöranEriksson, máximo responsável pelos títulos de 1983 e 1984, é um húngaro (que povo este) a comandar a equipa.Chama-se Pal Csernai e só se safa com a Taça de Portugal. O campeonato voa para as Antas. Na estreia, o Vizela dá ares de tomba-gigantes, mas não sai da intenção. O Benfica marca por Manniche (30’, de penálti) e Carlos Manuel (47’). O 2-1 de Maurício, aos 83’, é pura consolação. Bola extra: o jogo decorre em Guimarães, no Municipal (agora D. Afonso Henriques).
E pronto, é isto: o Benfica começa amanhã a defesa do bicampeonato em casa. Pela primeira vez. O Estoril espreita a surpresa. Com o ex-benfiquista BrunoCésar.
Benfica-Estoril às 20h30 de domingo na BTV1