E que tal qualquer coisinha sobre o futuro?


Algumas opções políticas de campanha refletem esse estádio em que o único futuro que conta é o dos próprios.


A tradição ainda é o que era. A silly season no seu explendor. Disparates atrás de disparates. O debate político centrado nos cartazes, nos números oficiais do desemprego, mais maquilhados que nunca, e nas presidenciais, como se a 4 de outubro não houvesse uma opção a fazer em relação ao futuro dos portugueses.

E que tal dizerem qualquer coisinha sobre o futuro, antes que comece a cacofonia da campanha eleitoral em que a atenção dos eleitores é similar à de agosto. Sim, como assegurar que o crescimento económico não entra em stresse perante uma constipação na refinaria de Sines, na Autoeuropa ou em qualquer um dos principais destinos das nossas exportações? Como vão assumir o combate ao desemprego como prioridade das prioridades?

Como vão garantir aos cidadãos que são tratados como tal pelo Estado, do fisco à segurança social; que estes podem ter uma perspetiva de previsibilidade mínima nas suas vidas e qual a estratégia para a recuperação dos rendimentos e dos cortes dos últimos anos? Como responder aos desafios das desigualdades, da demografia, da desertificação do interior, da degradação das funções e dos serviços do Estado ou da precariedade laboral? Como construir novas soluções que garantam o acesso aos cuidados de saúde, à escola pública e à proteção social? Sobre tudo isto quase nada é dito. Dizem que se estão a guardar para as últimas semanas.

Aí é que vai ser. E a Direita fala do passado e mete medo para o futuro. O passado já foi julgado pelo voto de 2011, mas nesse passado com erros de gestão, de avaliação e de previsão, também houve futuro. Houve futuro nas novas tecnologias; nas energias renováveis que geraram 62% da eletricidade consumida em 2014; na aposta no porto de Sines que acolheu esta semana o maior porta-contentores do mundo num sinal de vitalidade das suas potencialidades; na Embraer em Évora que contribui para o crescimento das exportações ou na qualificação, na investigação e na ciência.

A verdade é que depois dos últimos 4 anos, em que, nem houve presente e se hipotecou muito futuro, por exemplo, com a brutal vaga de emigração qualificada, os resultados positivos que a Direita tem para apresentar na economia decorrem de fatores por si diabolizados, como o consumo privado ou o crédito às famílias, e de opções do passado. Por exemplo, um olival entra em plena capacidade de produção ao fim de 3 ou 4 anos. Portugal tem sido autossuficiente em azeite desde 2013. É fazerem as contas.

É por isso importante que depois das trapalhadas dos cartazes, se fale do futuro, das ideias e dos meios para as atingir, sob pena de as eleições serem transformadas num circo mediático em que os principais partidos políticos espasmam a ânsia de conquista ou de manutenção do poder, alheados dos interesses das pessoas, dos princípios e dos valores. Algumas opções políticas de campanha parecem refletir esse estádio de degradação em que, no presente vale tudo e o único futuro que conta é o dos próprios, seja qual for a liderança partidária de circunstância. Não é esse o futuro que importa aos portugueses e a Portugal. A confiança não se proclama, constrói-se.

Três notas finais.

Seguristas. A rotulagem sempre foi um facilitismo jornalístico com pouco nexo com a realidade. Não há seguristas ou segurismo sem António José seguro, designação que o próprio abomina. Nem há legitimidade para que alguém se autoproclame porta-voz de um património partilhado que deve ser honrado. O que penso, o que digo e o que faço, faço-o em nome próprio e com uma coerência de pensamento crítico que incomoda alguns. Não tem nada a ver com listas. É só habituarem-se. São 26 anos de intervenção cívica e política.

Presidenciais. Depois de 4 de outubro, coloca-se no horizonte a escolha presidencial. O PS enleou-se de forma inacreditável no processo. Não apoiar nenhum candidato é fazer um frete à Direita. Se Maria de Belém for candidata, apoio-a. É ridícula qualquer rotulagem interna ou externa de uma eventual candidatura.

Incêndios. Ano após ano, a prevenção é quase inexistente, os meios de combate são insuficientes e o esforço é extenuante, sendo agravado pela emigração de muitos efetivos. A minha homenagem às Mulheres e aos Homens que integram o dispositivo da proteção civil. Urge intervir sobre as mentalidades, repensar as soluções e condicionar os riscos.

Político (PS)
Escreve à quinta-feira

E que tal qualquer coisinha sobre o futuro?


Algumas opções políticas de campanha refletem esse estádio em que o único futuro que conta é o dos próprios.


A tradição ainda é o que era. A silly season no seu explendor. Disparates atrás de disparates. O debate político centrado nos cartazes, nos números oficiais do desemprego, mais maquilhados que nunca, e nas presidenciais, como se a 4 de outubro não houvesse uma opção a fazer em relação ao futuro dos portugueses.

E que tal dizerem qualquer coisinha sobre o futuro, antes que comece a cacofonia da campanha eleitoral em que a atenção dos eleitores é similar à de agosto. Sim, como assegurar que o crescimento económico não entra em stresse perante uma constipação na refinaria de Sines, na Autoeuropa ou em qualquer um dos principais destinos das nossas exportações? Como vão assumir o combate ao desemprego como prioridade das prioridades?

Como vão garantir aos cidadãos que são tratados como tal pelo Estado, do fisco à segurança social; que estes podem ter uma perspetiva de previsibilidade mínima nas suas vidas e qual a estratégia para a recuperação dos rendimentos e dos cortes dos últimos anos? Como responder aos desafios das desigualdades, da demografia, da desertificação do interior, da degradação das funções e dos serviços do Estado ou da precariedade laboral? Como construir novas soluções que garantam o acesso aos cuidados de saúde, à escola pública e à proteção social? Sobre tudo isto quase nada é dito. Dizem que se estão a guardar para as últimas semanas.

Aí é que vai ser. E a Direita fala do passado e mete medo para o futuro. O passado já foi julgado pelo voto de 2011, mas nesse passado com erros de gestão, de avaliação e de previsão, também houve futuro. Houve futuro nas novas tecnologias; nas energias renováveis que geraram 62% da eletricidade consumida em 2014; na aposta no porto de Sines que acolheu esta semana o maior porta-contentores do mundo num sinal de vitalidade das suas potencialidades; na Embraer em Évora que contribui para o crescimento das exportações ou na qualificação, na investigação e na ciência.

A verdade é que depois dos últimos 4 anos, em que, nem houve presente e se hipotecou muito futuro, por exemplo, com a brutal vaga de emigração qualificada, os resultados positivos que a Direita tem para apresentar na economia decorrem de fatores por si diabolizados, como o consumo privado ou o crédito às famílias, e de opções do passado. Por exemplo, um olival entra em plena capacidade de produção ao fim de 3 ou 4 anos. Portugal tem sido autossuficiente em azeite desde 2013. É fazerem as contas.

É por isso importante que depois das trapalhadas dos cartazes, se fale do futuro, das ideias e dos meios para as atingir, sob pena de as eleições serem transformadas num circo mediático em que os principais partidos políticos espasmam a ânsia de conquista ou de manutenção do poder, alheados dos interesses das pessoas, dos princípios e dos valores. Algumas opções políticas de campanha parecem refletir esse estádio de degradação em que, no presente vale tudo e o único futuro que conta é o dos próprios, seja qual for a liderança partidária de circunstância. Não é esse o futuro que importa aos portugueses e a Portugal. A confiança não se proclama, constrói-se.

Três notas finais.

Seguristas. A rotulagem sempre foi um facilitismo jornalístico com pouco nexo com a realidade. Não há seguristas ou segurismo sem António José seguro, designação que o próprio abomina. Nem há legitimidade para que alguém se autoproclame porta-voz de um património partilhado que deve ser honrado. O que penso, o que digo e o que faço, faço-o em nome próprio e com uma coerência de pensamento crítico que incomoda alguns. Não tem nada a ver com listas. É só habituarem-se. São 26 anos de intervenção cívica e política.

Presidenciais. Depois de 4 de outubro, coloca-se no horizonte a escolha presidencial. O PS enleou-se de forma inacreditável no processo. Não apoiar nenhum candidato é fazer um frete à Direita. Se Maria de Belém for candidata, apoio-a. É ridícula qualquer rotulagem interna ou externa de uma eventual candidatura.

Incêndios. Ano após ano, a prevenção é quase inexistente, os meios de combate são insuficientes e o esforço é extenuante, sendo agravado pela emigração de muitos efetivos. A minha homenagem às Mulheres e aos Homens que integram o dispositivo da proteção civil. Urge intervir sobre as mentalidades, repensar as soluções e condicionar os riscos.

Político (PS)
Escreve à quinta-feira