Costa defende Sampaio da Nóvoa na corrida à Presidência da República

Costa defende Sampaio da Nóvoa na corrida à Presidência da República


Secretário-geral do PS responde aos socialistas que acusam o ex-reitor de ser muito à esquerda. “Não me revejo”.


O secretário-geral do PS, António Costa, tem dito que a prioridade do PS são as eleições legislativas e que as presidenciais ficarão para o “momento próprio”, mas, numa entrevista à Visão desta quinta-feira, dá um sinal forte de que a escolha do PS poderá ser António Sampaio da Nóvoa.

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Numa altura em que Maria de Belém começa a reunir apoios para entrar na corrida e o PS está cada vez mais dividido, Costa dá um sinal aos socialistas. “Nesta altura já há um candidato assumido e próximo da família socialista”, diz António Costa, acrescentando que tem “muita estima” pelo ex-reitor da Universidade de Lisboa. A seguir, Costa responde aos socialistas que desvalorizam Nóvoa por ser muito à esquerda: “não me revejo na caricatura esquerdista com que tem sido apresentado”. E lembra que a ligação ao PS não é de hoje: “a sua participação em iniciativas do PS não se limita ao discurso proferido no último congresso. Já participara em iniciativas de António José Seguro e de José Sócrates”. 

Em relação a Maria de Belém a conversa é outra. Costa reconhece apenas que a ex-ministra da Saúde tem direito a candidatar-se e desdramatiza as divisões na esquerda com o passado. Os tempos em que o PS apoiou Eanes contra a vontade do secretário-geral Mário Soares, em 1981, ou quando, 25 anos depois Manuel Alegre e Mário Soares disputaram as presidenciais. E remata com mais um recado para dentro do PS e para os críticos de Sampaio da Nóvoa: “Acho incompreensível que numa eleição, por natureza, proposta por cidadãos e que apela aos princípios da cidadania, se defenda que só têm direito a candidatar-se os nascidos e criados nas estruturas partidárias… quando a Presidência da República deve ser, por excelência, o espaço da cidadania”. 

Em reacção à entrevista de Costa, Vítor Ramalho, apoiante desde a primeira hora de Sampaio da Nóvoa, diz que está ao lado do ex-reitor porque “o PS tem uma matriz republicana e laica que sempre norteou a sua acção” e foi “essa matriz republicana e laica que possibilitou que os partidos de centro-esquerda e da esquerda confluíssem numa base de apoio alargada a Mário Soares e Jorge Sampaio”. E acrescenta: “É nesta lógica que entendo que o PS já devia ter dado o seu apoio a Sampaio da Nóvoa”. O dirigente socialista defende mesmo que “seria trágico para o PS que não compreendesse esta realidade e embarcasse numa segunda volta das eleições primárias”.