A selecção nacional portuguesa é pródiga nestas situações. Logo no primeiro jogo de sempre, em 1921, com a Espanha, em Madrid, o ataque promove um encontro de irmãos, ambos esquerdinos. Um é o interior Artur Augusto (Porto), o outro é o extremo Alberto Augusto (Benfica). Acaba 3-1 para os espanhóis e o golo é do benfiquista, de penálti. Ao longo dos tempos, Portugal reúne mais laços de família: Carlos Alves e João Alves (tio-avô/sobrinho-neto), Vicente e Matateu (irmãos), José Luís e Jorge Silva (irmãos), Pedro Xavier e Carlos Xavier (irmãos), Maniche e Jorge Ribeiro (irmãos). Então e pais e filhos? Também, claro. Guardámos o melhor para o fim: José Águas e Rui Águas mais o clã Morato, os dois António.
Se ultrapassarmos a fronteira, há casos e mais casos. Em Espanha, o holandês Johan Cruijff lança uma moda no Barcelona dos anos 70. Duas décadas depois, é a vez do filho Jordi. Em Itália, o exemplo de maior sucesso com os Maldinis. Cesare joga no Milan, como Paolo. Cesare é capitão do Milan, como Paolo. Cesare ganha uma final europeia ao Benfica (1963), como Paolo (1990).
Saímos agora da Europa e vamos para a América do Sul, onde o uruguaio Forlán é a figura do momento. O avançado de 36 anos estreia-se finalmente por um clube uruguaio. E não é clube qualquer, é o Peñarol. O maior de todos, onde o seu pai (Pablo) triunfa nos anos 60, antes de se transferir para o Brasil. Ora bem, o filho faz o percurso inverso e chega ao Peñarol depois de uma experiência no Internacional de Porto Alegre (e uma outra no Gamba Osaka, do Japão).
Na estreia, com o Wanderers, o Peñarol ganha 3-1. Quem é o herói? Diego Forlán. Primeiro dá uma volta olímpica ao estádio para os aplausos dos adeptos. Depois marca dois golos de meter em pé qualquer um (falamos do 1-0, o 3-0 é de penálti). E só então é substituído para receber mais aplausos ainda. É um dia em grande. É Forlán no auge. É o clã mais famoso do momento. Quiçá de sempre.
Vejam lá isto, a nível de selecções: o avô Juan Carlos Corazzo ganhou a Copa América como seleccionador do Uruguai em 1959 e 1967. O seu pai, Pablo Forlán, conquista-a como jogador do Uruguai em 1967. E Diego faz o mesmo, como capitão (e dois golos na final, ao Paraguai), em 2011. Isto de ser grande é assim.