Herbicidas. Quercus faz novo alerta para danos na saúde

Herbicidas. Quercus faz novo alerta para danos na saúde


A Ordem dos Médicos também já se pronunciou. A Quercus baseia-se  nas conclusões da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro.


A Quercus voltou esta sexta-feira a alertar para os danos que os herbicidas provocam na saúde, realçando que até a Ordem dos Médicos diz ser "inaceitável" a "inacção governativa" no sentido de avançar com medidas para evitar alguns cancros.

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"Aumenta a contestação ao uso de herbicidas, e outros pesticidas. A Ordem dos Médicos [no último número da sua revista] defende a proibição do glifosato, o principal herbicida utilizado em Portugal, e em todo o mundo", afirma a associação de defesa do ambiente, em comunicado.

A Plataforma Transgénicos Fora, que inclui a Quercus, tem apelado a várias entidades, das autarquias aos agricultores, para que deixem de utilizar herbicidas, como o glifosato, para eliminar ervas daninhas em jardins e outros locais públicos, com o argumento de que são responsáveis por danos na saúde, podendo provocar cancro.

Em Março, a plataforma repetiu a denúncia baseando-se nas conclusões da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro, que classificou o glifosato como agente cancerígeno provável e nos trabalhos de cientistas sobre as consequências do produto para o ambiente.

Na altura, a multinacional Monsanto, de agricultura e biotecnologia, principal alvo das acusações dos ambientalistas, garantiu que os herbicidas de glifosato no mercado "são seguros para a saúde humana", o que é comprovado por "um dos maiores bancos de dados científicos" sobre um produto agrícola.

Agora, a Quercus cita o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, que no editorial da revista da organização, refere-se aos efeitos de químicos na saúde e defende que, "para oglifosato, a conclusão é clara: este herbicida deveria ser suspenso em todo o mundo".

O bastonário salienta que "abundam os cancros de origem indeterminada, e parte decorre certamente da sociedade altamente industrializada e química em que vivemos", sendo oglifosato um exemplo, e "para os cancros que já podem ser evitados no presente, a inaçãogovernativa é inaceitável".

É que, para o responsável da Ordem dos Médicos, a iniciativa de agir nesta área "cabe ao Governo e à Direção Geral de Saúde".

A Quercus realçou que "os cancros podem ter origem nos pesticidas que são vendidos pelas empresas do ramo e aplicados indistintamente por entidades públicas que afirmam que a sua utilização e a sua existência nas ruas e nos produtos agrícolas não trazem problemas para a saúde das pessoas".

Para os ambientalistas, a agricultura biológica é um exemplo prático de que é possível produzir alimentos de qualidade sem o recurso a pesticidas de síntese que, sendo produzidos para matar uma grande diversidade de seres vivos, aniquilam muita da flora microbiana humana e entram na circulação sanguínea.

"A utilização do glifosato é particularmente grave nas Regiões Vitícolas, com especial destaque para a Região Demarcada do Douro", sendo a "região do país com maior consumo deste químico", denuncia a associação.

A Quercus lançou a Campanha contra Herbicidas em Espaços Públicos, na qual que desafia as autarquias a aderirem ao Manifesto "Autarquia Sem Glisofato", iniciativa que já conta com a adesão de vários municípios e freguesias que optaram por métodos diferentes dos químicos, como a monda manual e mecânica.

Lusa