A entrevista de António Costa na edição de fim-de-semana do i é no mínimo confusa. Não vale a pena referir o tipo de linguagem. Sabemos bem que campanha vai fazer e quais as acusações que prepara. Mas há aspectos que devem ser referidos. Desde logo as contradições no que respeita às propostas que apresentou, que apesar de “concretas” e “claríssimas” não se revestem ainda um “compromisso”, porque governar, diz, “não é ligar o piloto automático”. Fala em melões, em passados e em mentiras, mas esquece que foi número dois de um dos governos que mais compromissos assumiu em nosso nome hipotecando as gerações futuras por longos anos. Mas, como disse, “fez sempre mais” do que prometeu, referindo-se a Lisboa. Tem razão. Sobretudo mais dívida e mais despesa, que, ao contrário do que diz, só reduziu por força de um entendimento com este governo, que lhe assumiu mais de 200 milhões de euros da dívida da capital.
Mas deixo umas últimas linhas para o significado de uma surpreendente convergência. Muito relacionada com estes tempos em que tanto se fala de sentido de Estado e daquilo a que os americanos chamam “the greater good”.
A aproximação de Santana a Sampaio é notável e merece o nosso reconhecimento. Mas na verdade juntaram-se dois homens que sabem que não pode existir divergência pessoal que se sobreponha ao interesse da comunidade. Em tempos de tantos comentários e análises são estas acções, pouco referidas pelos analistas, diga-se, que nos fazem acreditar que, tal como as imagens, valem mais que mil vãs palavras.
Esteves Cardoso tem muita razão quando diz: “A guerra política é entre individualistas e colectivistas. Entre quem pensa primeiro em si próprio e quem pensa primeiro nos outros.” Santana Lopes e Sampaio deram-nos uma boa lição.
DeputadoEscreve à segunda-feira