"Óbvio que há dois pesos e duas medidas. O comportamento do Ministério Público, mas principalmente do juiz Carlos Alexandre, em relação a José Sócrates, demonstra que há ali um tratamento diferenciado", disse à agência Lusa António Campos, acreditando que, passado "um ano de investigação e oito meses de prisão sem acusação", este caso "é uma segunda edição da Casa Pia, só para prejudicar o Partido Socialista".
O também antigo secretário de Estado da Justiça, que falava à margem de um debate promovido pelo movimento cívico "José Sócrates Sempre", em Coimbra, sublinhou ainda que "há ministros que foram da Justiça que não cuidaram devidamente da liberdade dos cidadãos e alguns são socialistas e deviam ter vindo a público penitenciar-se pelo que fizeram".
Para António Campos, está-se perante "um abuso de poder", considerando que a sociedade está "a desfazer-se", por não existirem contrapoderes "à altura" nas áreas da justiça, mas também no sector financeiro.
Durante o debate, um dos promotores do movimento cívico "José Sócrates, Sempre!", José António Pinho, salientou que a aplicação da prisão domiciliária ao ex-presidente do BES Ricardo Salgado "é a prova de que Carlos Alexandre [juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal que decidiu aplicar a prisão preventiva a José Sócrates] não é um homem de ética, de moral e de senso comum".
"Qualquer pessoa compreende que Salgado não ia fugir", notou, lançando duras críticas a Carlos Alexandre, considerando-o "um torturador implacável e satânico".
De acordo com José António Pinho, o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa é um "dos homens que temos de combater".
"Como Salgueiro Maia teve o direito de se rebelar contra as leis fascistas, assiste-me o direito de me rebelar e de me indignar", apontou.
No debate, que terminou por volta das 20:00, e que contou com cerca de 30 pessoas na assistência, participaram também o psiquiatra Pio de Abreu e o advogado Rodrigo Santiago.
Lusa