Tigres na final da Libertadores

Tigres na final da Libertadores


Mexicanos afastam Internacional (3-1) e impedem reencontro de Lisandro López com Lucho González (River).


Amigos como eles há poucos, muito poucos. Conhecem-se no Porto, em 2005. Um vem do River (Lucho González), o outro do Racing (Lisandro López). Juntos, treinados por Co Adriaanse, vão dar espectáculo.

O Dragão apanhadrinha-os no mesmo dia, 21 de Agosto de 2005. Quatro dias antes, ambos representam a Argentina em Budapeste, no tal jogo de estreia de um tal Messi, expulso por uma cotovelada num adversário aos 68 segundos. Dizíamos, 21 de Agosto de 2005, com o Estrela. Como recordar é viver, aqui vai o onze com Vítor Baía; Sonkaya, Ricardo Costa, Pedro Emanuel e César Peixoto; Raul Meireles, Diego e Lucho; Jorginho, Hélder Postiga e Lisandro. O resultado final é um magro 1-0, obra de Ricardo Costa aos 57’. Só mais tarde é que os dois argentinos dariam um ar da sua graça. Primeiro Lucho, autor de um dos golos na escandalosa derrota com o_Artmedia em casa (3-2) para a Liga dos Campeões, a 28 de Setembro, depois Lisandro no intranquilo empate nos Barreiros (2-2), quatro dias depois.

Como qualquer máquina, há que dar tempo ao tempo. Co Adriaanse demora a afinar a táctica, os argentinos idem. A 19 de Novembro, cada qual bisa no 5-1 à Académica e iniciam aqui uma das mais belas páginas do futebol portista, culminado com 63 golos em 150 jogos para Lisandro e 42 em 155 para Lucho.

Ao todo, quatro títulos de campeão nacional. É dizer: até saírem para França, no Verão de 2009, não há nada para ninguém entre Benfica e Sporting. Curiosamente (ou não), com as saídas de Lisandro para o Lyon e de Lucho para o Marselha, o Porto perde bagagem e deixa-se ultrapassar pelo Benfica. Em França, Lucho e Licha são os reis, os mais bem pagos do campeonato. Encontram-se três vezes e 1X2: uma vitória para o Marselha de Lucho (2-1 em Março de 2010), um empate (1-1 em Dezembro de 2010) e uma vitória para o Lyon de Lisandro (3-2 em Maio de 2011), com mais um golo para cada um.

Se Licha continua por França, já Lucho regressa ao Porto e volta a ser campeão em 2013. Um ano depois, emigra para o Qatar. Onde está quem? Muy bien, Lisandro. Os dois abraçam-se antes do Al Garrafa-Al Rayyan e trocam de camisolas depois do 1-1. O Al Rayyan de Lucho desce de divisão, o Al Garrafa de Lisandro mantém-se na 1.ª. Com o final do campeonato, há a consequente debandada geral.

Lucho volta ao River, para fazer companhia a Saviola, e Lisandro aventura-se no Brasil, ao serviço do Internacional de Porto Alegre. As duas equipas apuram-se para as meias-finais da Taça Libertadores e ganham a 1.ª mão. Uau, há a perspectiva de uma final entre Lucho e Lisandro. O River cumpre o papel de favorito na 2.ª mão (1-1 no Paraguai) e arruma o Guarani. Lucho espera agora pelo grande amigo Lisandro. O Inter vai ao México e, zascatrapás, faz-se história: o Tigres vai à final (3-1 em resposta ao 1-2 de Porto Alegre). É o terceiro clube mexicano após Cruz Azul (2000) mais Guadalajara (2005), e sonha ser o primeiro a levantar o troféu.

O jogo é eléctrico até mais não. Gignac faz o 1-0, aos 18', de cabeça. Geferson faz o 2-0, na própria baliza, aos 41'. Na segunda parte, Rafael Sóbis falha penálti contra o ex-clube, para defesa de Alisson (52'), mas o Tigres está com aforça toda e inscreve o 3-0, por Arévalo (57'). O Inter só sabe reduzir, aos 89', pelo inevitável Lisandro. Provavelmente o único homem do Inter com paciência para tirar a noite a ver os dois jogos da final, nos dias 29 de Julho e 5 de Agosto. Pelo amigo Lucho, está claro.