Passos. “Salvámos o Estado social, que foi testado até ao limite”

Passos. “Salvámos o Estado social, que foi testado até ao limite”


Passos rejeitou coligação com PS. Não haveria “base de consenso” que é “cimento do governo”.


"Quem assistir ao debate público fica com a ideia de que o Estado social não aguentou a crise e que o sistema está à beira do abismo. Essa percepção não é correcta". Passos Coelho, em entrevista à TVI, recusou esta "percepção": "Passámos pela maior crise económica e financeira desde o 25 de Abril . Não tivemos outra crise desta dimensão. O Estado social foi testado ao limite e respondeu bem", defendeu o primeiro-ministro.

Passos considerou que o governo conseguiu que a saúde tivesse "um bom desempenho", enumerando o maior número de ofertas do SNS. "Em 2011 estivemos à beira da ruptura e a ruptura financeira põe em causa o Estado social", diz Passos, contrapondo de seguida: "Salvámos o Estado social. Resistimos a esta prova muito dura. Estamos a retomar a normalidade". O exemplo de "normalidade" apontado é a contratação de mais médicos. Passos reconhece que durante os anos de crise houve "um sobreesforço dos profissionais de saúde que fizeram das tripas coração e um enorme esforço para que as coisas corressem bem".

Passos Coelho insistiu na necessidade de um consenso com o PS para uma reforma da Segurança Social. Quando o jornalista José Alberto Carvalho lhe perguntou se a geração que nasceu nos anos 60 vai ter direito a reforma, a resposta foi esta: "Nós só vamos ter 50% das pensões que são hoje pagas". E isso "não chega". Se o actual sistema de pensões ficar "intocável será insustentável".

Passos Coelho concordou com a mensagem de Cavaco Silva sobre as vantagens da estabilidade política e de governos com maioria parlamentar na Assembleia da República. "Vou bater-me para que esse resultado seja conferido à coligação que lidero. Nós acabámos de dar o exemplo de que uma coligação consegue cumprir o mandato de quatro anos".

Embora tenha repetido não querer "responder a cenários pós-eleitorais", Passos Coelho afirmou que uma coligação futura com o PS não está no horizonte, já que nas eleições "é possível às pessoas identificarem duas propostas completamente diferentes" e que "não é possível que essas propostas se possam fundir". Tendo em conta as diferenças, Passos não vislumbra a possibilidade de haver "uma base de consenso" que "é o cimento de um governo". Tendo em conta as propostas do PS e da coligação, "ou os partidos abdicavam dos seus programas ou o governo não teria cimento, consistência, coerência para aguentar quatro anos".

A decisão está nas mãos dos eleitores. "Quem dêem a maioria absoluta ao PS ou à coligação PSD/CDS para que o governo que saia das eleições tenha estabilidade", defendeu o primeiro-ministro, registando que não fecha a porta a acordos pontuais em questões-chave como "a segurança social ou a demografia" e todos os "problemas transversais à sociedade portuguesa que têm que ter uma solução tão consensual quanto possível". A coligação apresenta o programa de governo no dia 28. Passos invocou o programa de estabilidade como base do novo documento.