Dezenas de trabalhadores da Soares da Costa concentraram-se esta terça-feira de manhã, ao som de “Grândola Vila Morena”, à entrada dos estaleiros da empresa de construção civil, em Vila Nova de Gaia, para reivindicar os salários em atraso.
“Exigimos o pagamento dos salários em atraso em Portugal, Angola e Moçambique. Despedimento colectivo: Não!” é a frase que se lê hoje numa faixa que os trabalhadores colocaram à frente dos estaleiros da Soares da Costa, na Rua de Rechousa, e onde estão concentradas várias dezenas de trabalhadores vigiados, à distância, com alguns elementos policiais.
Ao som de músicas como o 'Grândola Vila Morena' ou 'Hasta Siempre Comandante Che Guevara', não se registou às 08h45 qualquer distúrbio na concentração. Os trabalhadores que vão chegando para entrar na empresa acabam por ficar do lado de fora dos estaleiros e não entram para o interior das instalações.
O objectivo “é não deixar entrar os camiões com material, mas não impedimos ninguém de entrar”, disse à Lusa o sindicalista Luís Pinto, asseverando que todas as acções que estão a ser feitas foram decididas em plenários pelos trabalhadores.
A administração da Soares da Costa avançou com um comunicado na segunda-feira transacta, ao final do dia, informando que ia transferir 500 euros dos salários de Junho em atraso para a conta dos trabalhadores, mas os operários querem receber os ordenados na íntegra e decidiram manter a acção de se concentrarem hoje à frente dos estaleiros, em Vila Nova de Gaia, explicou à Lusa Luís Pinto, do Sindicato dos Trabalhadores do Norte.
Joaquim Soares, 47 anos e há 25 anos a trabalhar para a Soares da Costa em Portugal, Guiné e Moçambique, contou à Lusa que está "preparado para tudo", até para o despedimento colectivo, mas exige saber qual vai ser o seu futuro. Da indefinição laboral é que está farto.
“Temos é de receber tudo o que nos devem”, declarou, assumindo que tem a sua família e as suas dívidas e que a indefinição actual que se arrasta há vários meses tem de ser resolvida.
Confessando o seu desespero, Joaquim Soares confirma que deu entrada na sua conta o valor de 500 euros, mas refere que quer o seu dinheiro todo.
Nesta altura, em Portugal, está uma parte do salário de Junho por pagar e há trabalhadores que já gozaram férias e até à data ainda não receberam o seu subsídio de férias. Em Angola, os trabalhadores portugueses que estão deslocados ainda não receberam o salário de Maio.
Na segunda-feira, várias dezenas de trabalhadores da empresa Soares da Costa concentraram-se no Porto, na sede da Soares da Costa, em protesto contra os salários em atraso e entregaram uma resolução ao presidente da Câmara para que movesse a sua “intervenção política” em defesa dos operários.
Os trabalhadores decidiram apelar ao presidente Rui Moreira para que junte a sua voz, às vozes das centenas de trabalhadores “neste terrível sofrimento” e pedem para que o autarca, “com urgência tangível”, “mova a sua intervenção política em defesa dos trabalhadores e na responsabilidade social que impende sobre a empresa”, lê-se na resolução entregue ao autarca portuense.
Lusa