Produtos de poupança. Veja se o seu dinheiro está seguro

Produtos de poupança. Veja se o seu dinheiro está seguro


Apesar dos rendimentos mensais serem cada vez mais curtos, a verdade é que muitos portugueses continuam a investir o seu dinheiro. 


A poupança das famílias voltou a subir em Junho, pelo segundo mês consecutivo, fixando-se nos 75,4 pontos, segundo os últimos dados divulgados pelo indicador da APFIPP/Universidade Católica. Apesar dos juros dos depósitos a prazo serem cada vez mais baixos – e pagam em média 0,5% líquidos, um valor insuficiente para compensar a actual inflação que segue em 1% – continuam a captar o interesse dos consumidores, além de também serem os instrumentos financeiros mais fáceis de aplicar. O certo é que depois da instabilidade vivida no Banco Espírito Santo (BES), agora é vez dos produtos mutualistas do Montepio Geral – Associação Mutualista preocuparem os clientes. Mas a oferta de produtos para investir é cada vez maior e há que ter alguma cautela na avaliação das opções. 

Em primeiro lugar deverá definir o montante que poderá poupar e incluir esse valor no seu plano mensal de gastos. Investir nos produtos sem riscos é apontado como a melhor aposta para que haja uma garantia de que o dinheiro está de facto a ser rentabilizado.

Depósitos a prazo

São seguros?  É certo que não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, mas também é certo que há aplicações que comportam um risco maior do que outras. Se analisarmos a escala de risco dos vários produtos de financeiros disponíveis para os aforradores e investidores, os depósitos estão entre as aplicações mais seguras e no pior cenário e se o banco falir,  os clientes podem recorrer ao Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular e inclui os juros até à data de indisponibilidade dos depósitos. Não se esqueça que abrange todos os depósitos obtidos por bancos sediados em Portugal e fora da União Europeia. A legislação que regulamenta este mecanismo prevê a existência de prazos para o reembolso, que deverá ser faseado. Assim, num primeiro momento o fundo pagará uma parcela até 10 mil euros no prazo máximo de sete dias, contados a partir da data em que os depósitos se tenham tornam indisponíveis. O valor remanescente será pago até a um prazo máximo de 20 dias.

Por isso se perdeu os receios em investir neste produto de poupança então prepara-se para receber taxas de remuneração pouco atractivas.  A maioria dos depósitos está a pagar, em média, uma taxa anual líquida na ordem dos 0,5%. Só consegue contrariar esta tendência se procurar as ofertas para novos clientes ou montantes. É sobretudo a banca online que mais procura captar novos clientes ou capitais com depósitos de curto prazo a taxas promocionais. 
Se estiver a pensar em investir neste produto analise a concorrência para ver onde encontra os juros mais atractivos.

Mas há cuidados que deve ter, nomeadamente com os depósitos indexados. O mais provável é reaver apenas o seu capital ou ficar pelo rendimento mínimo, uma vez que, a rentabilidade deste produto está dependente da evolução de outra variável financeira (como um cabaz de acções, um índice de bolsa, ou uma matéria-prima, entre outros). No entanto, esta aplicação financeira goza dos mesmos mecanismos de protecção que um depósito a prazo simples. Não só os depósitos indexados e complexos têm de ter a garantia de capital, como também estão abrangidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos.

Aforro e Poupança Mais

Mais atractivos Apesar do governo ter cortado na remuneração dos Certificados de Aforro, o que é certo é que este produto de poupança continua a pagar mais do que a média dos depósitos. Para subscrições em Julho, os Certificados de Aforro oferecem uma taxa de juro bruta de 0,986%, mas mesmo assim abaixo da inflação, principalmente quando considerada a taxa líquida de 0,7%. 
Por isso, se pretende remunerações mais atractivas e está a pensar em investir em prazos mais alargados opte pelos Certificados Poupança Mais, que oferece taxas crescentes e rende, em média, 2,25% brutos ao final dos cinco anos, podendo a taxa final ser majorada em função do crescimento real do PIB.
Em termos de segurança, ambos oferecem a garantia de serem emitidos pelo Estado.

Plano Poupança Reforma  

Menos interessante Segundo a Deco, apesar de os Planos Poupança Reforma (PPR) terem vindo a perder parte 
do interesse, em parte, devido à perda de benefícios fiscais, no entanto continuam a ter outro tipo de vantagens fiscais. “A tributação à saída pode baixar até 8% sobre os ganhos, em vez dos 28% da maioria das aplicações financeiras. Todavia, o interesse de continuar a aplicar em PPR fica circunscrito aos aforradores entre os 40 e os 55 anos. Quem está a menos de 10 anos da aposentação não deve aplicar mais dinheiro em PPR”, refere a associação. “Se tem um PPR e o desempenho deixa a desejar, transfira-o para outro mais rentável e com menos custos. 
Outra alternativa passa por apostar nos PPR na forma de fundos de investimento e fundos de pensões.

Obrigações do Tesouro 

Cautela Até há bem pouco tempo adquirir Obrigações do Tesouro era um bom negócio, já que era uma das formas mais rentáveis de aplicar as poupanças de médio ou de longo prazo com capital garantido. No entanto, segundo a Deco, “com a estabilização dos mercados que se tem vindo a verificar nos últimos meses, o preço destas obrigações aumentou. Isto provocou a subida das cotações e a diminuição do rendimento”. Os títulos com maturidades curtas, inferiores a cinco anos, permanecem com rendimentos negativos. Se for esse o seu caso é aconselhável vendê-los. Mas existem Obrigações com maturidade até 30 anos. É neste prazo que consegue o melhor rendimento que, actualmente, não vai além dos 2,6% líquidos. As obrigações, tal como o Aforro e o Poupança Mais, funcionam como instrumentos de dívida pública.

Ouro 

Resposta à crise É uma referência durante as épocas de crise, principalmente quando se vive instabilidade no sector financeiro e na dívida pública. Mas nem tudo é simples: “O brilho do ouro poderá eclipsar-se porque não há garantia de rendimento futuro”. É necessário respeitar regras, como ter cuidado com o local onde a aquisição for feita e o preço deste metal. Como investir? Pode apostar em barras (com pesos entre 2,50 gramas e 12,50 quilos).
Em Portugal, o peso do ouro expressa-se em euros por grama e as cotações derivam de Londres, onde o preço é fixado em dólares por onça (31,1 gramas). Pode também investir em moedas. A libra esterlina e os reis portugueses são as mais populares. Para investir indirectamente pode apostar nos fundos de investimento: exchange – traded funds (ETF) e warrants – que são as opções preferidas dos portugueses.

Bolsa  

Mais arriscado  O investimento directo na bolsa ainda assusta muitos portugueses. Pode representar um negócio mas o risco é sempre elevado. O investidor pode fazer a compra individualmente quando escolhe directamente as acções que deseja ou através de fundos de acções, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos a cinco anos) para ultrapassar as flutuações do mercado. Não se esqueça da regra do “dividir para reinar”: ao escolher títulos de diferentes países e sectores, consegue reduzir as flutuações do investimento. Tenha em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros. Para isso, recorra aos vários simuladores existentes.