Ikea é pioneiro no retalho britânico ao pagar salário mínimo

Ikea é pioneiro no retalho britânico ao pagar salário mínimo


O exemplo ainda vem de cima, geograficamente pelo menos.


 E, por uma vez, os activistas que se batem contra a precariedade e os salários baixos como meio para tornar uma economia mais competitiva, têm boas razões para saudar a companhia sueca Ikea, que se tornou o primeiro grande retalhista no Reino Unido a comprometer-se a pagar aos seus trabalhadores o salário mínimo.

A grande cadeia que tem ocupado a Europa com os seus armazéns e móveis desenhados sobre toda a uma ginástica para cortar custos e poupar aos clientes e à companhia, anunciou uma medida que para os governos que apostam na erosão dos direitos sociais e económicos é um grande desafio. Os funcionários londrinos passam a receber no mínimo 9,15 libras (13,20 euros) à hora ao passo que, no resto do país, vão receber 7,85 libras (11,30 euros) a partir de Abril do próximo ano. A campanha que luta pela implementação do salário mínimo já elogiou a atitude da companhia, descrevendo a iniciativa como um “enorme avanço”, que começará por impactar as vidas de mais de 4500 pessoas que trabalham nas lojas do Ikea.

A última estratégia dos activistas britânicos tem passado por marcar presença nas reuniões de accionistas dos grandes retalhistas do país – Tesco, Next e Ocado – para exigir que os salários subam a um patamar responsável. Rhys Moore, director da Living Wage Foundatoion, disse ao “Guardian” que a experiência da campanha tem mostrado que é necessário que alguma companhia dê o exemplo em cada sector, e que isso acaba por funcionar como pressão para os competidores. Aqueles que ofereceram resistência e garantiam que a mudança era impossível, acabam por acolhê-la, adianta Moore.

A Ikea informou que mais de 50% dos seus nove mil funcionários vão beneficiar com o aumento e acrescentou: “A introdução do salário mínimo não é apenas a coisa acertada a fazer pelos nossos colaboradores, mas também é um bom modelo de negócio. Trata-se de um investimento nas nossas pessoas e que se baseia nos nossos valores e na noção de que uma equipa bem compensada e com boas condições de trabalho fica em posição para oferecer uma melhor experiência aos nossos clientes.”

Não se trata de uma medida exclusiva ao Reino Unido. Também do outro lado do Atlântico, nos EUA, a cadeia sueca anunciou para Janeiro de 2016 um aumento no salário mínimo pago por hora, aumento de 10%, dos actuais 10,76 dólares para 11,87 (perto de 11 euros).

O salário mínimo, que não não corresponde a uma obrigação imposta às empresas pelo governo britânico, é um valor calculado segundo o custo de vida no Reino Unido, ou seja, o que é necessário para que o trabalho seja um meio de subsistência.