Era uma remodealção esperada e inevitável: Alexis Tsipras teve que deixar cair alguns dos seus mais importantes ministros depois de estes terem votado contra o pacote de austeridade que permitirá – se tudo correr conforme o previsto – à Grécia conseguir um terceiro resgate no valor de 86 mil milhões de euros.
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O ministro do Trabalho e da Energia foram substituídos, tal como os vices das Finanças e da Defesa, para além de seis outros membros do anterior Governo. A ala mais à esquerda do Syriza distancia-se do chefe de governo, que depois de ter conseguido a aprovação do resgate, se aproxima muito – demasiado, defendem alguns – do centro. Para Aristides Hatzis, professor da Universidade de Atenas, a saída de ministros importantes como o da Energia e do Trabalho “marca o princípio do fim com a facção de extrema esquerda” do Syriza. O que, consequentemente, coloca o relógio a contar. “Tsipras está de mãos atadas, porque esta ala ainda tem uma presença muito forte no seu grupo parlamentar”, declarou ao “The Guardian”.
Fonte parlamentar citada pelo Financial Times aponta para Setembro as eleições antecipadas. É que embora Alexis Tsipras tenha cosneguido garantir apoio por parte dos partidos da oposição, dificilmente o conseguirá manter por muito tempo. A somar-se a isto, não diminuíram na Europa os receios em torno da capacidade de Tsipras de implementar, com a energia e a eficácia necessárias, um programa em que o próprio primeiro-ministro já afirmou não acreditar.
A verdade é que a crrise grega está a mexer em muito mais do que apenas no governo helénico. Na manhã deste Sábado, em declarações ao jornal Der Spiegel, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schüble admitiu poder apresentar a sua demissão.
O responsável tem sido dos que mais defenderam uma saída da Grécia – ainda que temporária da zona euro – e vai repetindo que não confia no goveno helénico. A posição tem levado a um aumento das divergências com a chanceler Angela Merkel.
“Cada um tem o seu papel. Ângela Merkel é chanceler, eu sou ministro das Finanças. Os políticos têm a responsabilidade do seu cargo. Nada os pode forçar”, afirmou Schäuble. Portanto, confrontado com a possibilidade de alguém o obrigar a tomar uma decisão com que não concorda, afirma pensar em afastar-se- “Se alguém tentasse isso, poderia pensar em pedir a demissão”, rematou.
Esta sexta-feira a Alemanha aprovou o resgate à Grécia no Parlamento, depois de Merkel fazer um discurso me que insistiu na necessidade de manter uma Europa unida.