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O terceiro resgate à Grécia não vai servir para nada, a não ser para afundar ainda mais a já debilitadíssima economia grega. O desfile de bombos de festa feito pelos líderes europeus a seguir ao acordo festejou a manutenção da unidade da zona euro. Mas para quê?
A questão é que o tabu foi quebrado. A partir do momento em que o Grexit foi para cima da mesa, ficou em cima da mesa. Nem sequer é um elefante na sala, é um elefante na Praça Syntagma, no Bundestag, no Terreiro do Paço, no Eliseu, em Frankfurt, em Bruxelas e em Estrasburgo.
Ontem o social-democrata Steinbrück, o candidato do SPD que em 2013 perdeu as eleições para Angela Merkel, veio juntar-se a Schäuble, o temível ministro das Finanças alemão, na defesa do “Grexit” temporário. Para Steinbrück, o resgate não vai servir para nada e só aumentará a recessão grega. Schäuble, também ele, insistiu ontem no cenário e, segundo a Reuters, Merkel também não descarta a coisa.
Evidentemente, não há Grexits temporários. Mas entre o acordo que um Alexis Tsipras de corda ao pescoço fez aprovar no Parlamento grego, contra uma grande parte do Syriza e com os votos dos que defenderam o “não” no referendo, e encarar de frente a proposta de Schäuble, qual é o melhor dos cenários?
Vários economistas europeus sabem a resposta. A Grécia não deveria nunca ter entrado no euro, e o mesmo se aplica a Portugal. Nem gregos nem portugueses tinham economia para negociar numa moeda forte semelhante ao velho marco alemão. Se o receio do Grexit era a desintegração da zona euro, já não vale a pena ter medo: nos dias que correm a zona euro está em desintegração. Os alemães falam disso todos os dias. Mais vale encarar o animal de frente.
Mas os gregos não querem de maneira nenhuma sair do euro e, como mostram as últimas sondagens, preferem um acordo draconiano e dolorosíssimo a uma alternativa. E nesta espécie de referendo, os gregos, ao que parece, votam sim.