Sampaio da Nóvoa. O professor aprendeu a lição e já fala à político

Sampaio da Nóvoa. O professor aprendeu a lição e já fala à político


Na apresentação da Comissão de Candidatura, figuras socialistas como os ex -ministros Mário Lino, Ana Jorge e Correia de Campos marcaram presença.


“Não é uma pergunta que me deva fazer a mim, mas sim ao PS”. Foi assim que Sampaio da Nóvoa respondeu ao possível apoio do PS e do seu líder António Costa. Ontem, o secretário geral socialista disse que o perfil de um presidente da República “deverá ser como os três antigos presidentes socialistas, Eanes, Sampaio e Soares”. Mas Nóvoa prefere centrar-se nas palavras e nas pessoas, e fazer um pedido: “se querem candidatar-se, façam-no agora”.

Sobre a sua candidatura, o antigo reitor da Universidade de Lisboa é claro. “Esta é uma candidatura que não desvaloriza as presidenciais, transformando-as numa mera ‘segunda volta’ das legislativas, para as transformar numa disputa entre os partidos ou dentro deles”. O mote crítico estava dado no seu discurso, durante a apresentação da Comissão da Candidatura, que foi ouvido por alguns  ministros socialistas, do governo de José Sócrates. Ana  Jorge e Correia Campos, ministros da saúde e Mário Lino ministro das Obras públicas sentaram-se todos nas filas da frente. E claro, Ramalho Eanes, o único dos três antigos presidentes da república presentes, que já declararam publicamente o seu apoio a Sampaio da Nóvoa. “Não é um homem que se resigne, e  conhece a situação do mundo”, afirmou o antigo general português que também subiu ao palco para discursar.

 Nóvoa  reforçou várias vezes que a sua candidatura “é independente”, criticando aqueles que têm “o despudor de dizer que estamos melhor”. A passagem da palavra de professor para político dava agora os seus primeiros passos, com o alvo a ser o governo de Pedro Passos Coelho.

Revelou que das várias viagens que já fez ao país, houve algo que permaneceu: “os portugueses sentem-abandonados, a começar pelo Presidente da República”. Aqui a faca da palavra direccionava-se para Cavaco Silva. Político também relembrado por João Marecos, coordenador para a área da juventude desta candidatura ou de Miguel Alves, presidente socialista da Câmara Municipal de Caminha, que também discursaram.

A Grécia foi outro dos “pilares” do discurso do antigo professor catedrático. “Não há apenas um problema grego, ou português, ou alemão. Há, sobretudo, um problema europeu”. A crítica atravessava as fronteiras e tinha um novo alvo: “é inaceitável, que a pretexto de dificuldades financeiras de um dos Estados-membros, se pretenda interferir nas decisões soberanas de um povo”, rematou.

Da síntese da Comissão de Candidatura, que ainda está em aberto, estão nomes como Ana Drago e Rui Tavares da plataforma LIVRE/Tempo de Avançar, Vasco Lourenço ou até o antigo ministro socialista Augusto Santos Silva.

A lição parece estudada, falta saber se o PS ficou esclarecido sobre um eventual apoio futuro na corrida a Belém em 2016.