Grécia. Parlamento aprova pacote de austeridade

Grécia. Parlamento aprova pacote de austeridade


Tsipras garante maioria. Varoufakis junta-se a outros 38 deputados de partidos do governo no voto contra e fragiliza mandato de Tsipras.


O pacote de austeridade foi aprovado no Parlamento grego. Foram 229 votos a favor, 64 contra – e desses, 39 pertencem a partidos do governo – e 6 abstenções. Com este resultado o primeiro-ministro  garantiu a aprovação exigida pelos credores internacionais, que podem agora passar ao desenho do programa de austeridade a aplicar à Grécia.

Esta quinta-feira, às 9 horas – hora de Lisboa – os ministros das Finanças da região reúnem via vídeo-conferência para falar sobre o programa de assistência financeira.

Sem surpresas, a presidente do Parlamento grego, Zoe Konstantopoulou, votou contra o acordo, tal como o antigo ministro das Finanças, Yanis Varoufakis. Foram muitos os deputados do Syriza a votar um sonante ‘OXI’ ao pacote de austeridade. Também o ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, votou contra.

Este resultado vai dificultar, politicamente, a vida a Alexis Tsipras que apesar de tudo ainda tem a simpatia dos gregos – as últimas sondagens referiam isso mesmo, e as reportagens feitas esta noite junto dos manifestantes revelaram que apesar de o povo ser contra a austeridade, está solidário com a pressão sentida por Tsipras e receia uma saída do euro.

Estes resultados vêm também confirmar que uma remodelação governamental deverá acontecer entretanto, com a saída de alguns ministros. Na manhã desta quarta-feira, dia 15 de Julho, demitiu-se a vice-ministra das Finanças, e é possível que o ministro da Energia também abandone o governo, agora que a austeridade foi aprovada.

Há pouco mais de 24 horas Alexis Tsipras assumia publicamente que não acredita no acordo que assinou com os credores, mas garantiu que não tinha alternativa. "Não vou tentar fazer deste acordo algo melhor do que é", afirmou já esta noite no Parlamento, antes da votação. "É um plano difícil, com medidas muito duras", admitiu. "Estamos a travar uma luta injusta contra os poderes financeiros. E nós temos uma herança de esquerda de dignidade e de democracia na Europa", bradou o chefe de Governo, apelando ao 'sim' a um acordo com os credores.

Também Euclid Tsakalotos, o ministro das Finanças, garantiu que a segunda-feira passada, dia em que acordou este pacote de austeridade com Bruxelas, foi "o pior dia" da sua vida. E que carregará "a responsabilidade dessa decisão para o resto da vida".

[notícia actualizada às 00h20 com votação final]